
Este registro que segue deveria ir para o espaço destinado aos leitores – “Dos Leitores”. Dada a sua importância até para a composição da série que venho apresentando das artes plásticas no PR no século 20, resolvi registrar a carta integralmente. É assinada pelo crítico Francisco Souto Neto, acadêmico da Academia José de Alencar:
“-Caro amigo Prof. Aroldo!
Acompanhando suas memórias a respeito da História da Arte Paranaense, fiquei surpreso e sensibilizado pela referência que o amigo fez em sua coluna de hoje, no Diário Indústria & Comércio, da minha atuação no Programa de Cultura do Banestado, que foi por mim criado nos gloriosos tempos do Banestado, e consolidado até ao ano em que me aposentei, 1991.
Tudo começou com o Salão Banestado de Artistas Inéditos – SBAI no ano de 1983 e que continuou sendo realizado anualmente após minha aposentadoria.
Sua última edição ocorreu no ano 1999, às vésperas da privatização do banco oficial do Paraná. O Programa de Cultura zelou precipuamente pelas artes plásticas, mas em seu desenvolvimento abrangeu o apoio à literatura, à música, à dança, ao teatro e ao cinema. Sob o governo Álvaro Dias, a movimentação cultural do Estado tornou-se fervilhante com a “dobradinha” feita pelo presidente do Banestado, Carlos Antonio de Almeida Ferreira (a quem assessorei) com o Secretário de Estado da Cultura, René Ariel Dotti, em cuja gestão fui conselheiro do Sistema Paranaense de Museus.
(…) mas um verdadeiro resgate de muitos fatos históricos que não estavam ainda perpetuados na web. E vou mencionar algo que me surpreendeu e que vai passar para os anais dos fatos “pitorescos” (se assim podemos dizer) …
Na verdade, não participei da criação da Galeria de Arte Banestado, um projeto de Christóvam Soares Cavalcante, que era o presidente da Banestado Crédito Imobiliário. Ao criar o 1º Salão Banestado, referida galeria ainda não existia, e consegui realizar a mostra no espaço de exposições do SENAC. No ano seguinte já tínhamos a Galeria, então recentemente inaugurada com uma exposição do Poty. Designou-se Vera Munhoz da Rocha Marques, nos anos seguintes coadjuvada por Clarissa Lagarrigue, para gerenciar o espaço que foi imediatamente absorvido pelo Programa de Cultura que eu estava começando a formular. A Vera, com carisma e elegância, transformou aquele espaço num local de encontro de artistas plásticos e de intelectuais. Até Dalton Trevisan frequentava o lugar, levado pelo Poty.
Prof. Aroldo, eu venho acompanhando desde 16 do corrente as suas memórias pessoais das experiências vividas dentro da História das Artes Plásticas do Paraná. Não são simples “exercícios de memória”, como o sr. afirma na edição de 24 do corrente (oitava parte), mas um verdadeiro resgate de muitos fatos históricos que não estavam ainda perpetuados na web. E vou mencionar algo que me surpreendeu e que vai passar para os anais dos fatos “pitorescos” (se assim podemos chamá-los): a parte do tríptico do Elvo transformada pela “zelosa” empregada em lenha para o fogo da lareira…
Impressionante!
Enfim, grato por incluir em suas memórias a minha atuação nos tempos maravilhosos do Banestado, e de se referir à coluna que, a seu convite e por onze anos, mantive no Jornal Indústria & Comércio.
E para completar meus agradecimentos, vi o destaque que o senhor deu, na sua mesma coluna desta data, ao meu artigo sobre a “fila indisciplinada” do TJ-PR, até com a inclusão do endereço do YouTube onde poderá ser visto o filme realizado na Academia de Letras José de Alencar, em nossa mais recente reunião na semana passada, quando falei a meus confrades sobre tal episódio. O senhor ilustrou o texto com uma bela fotografia em que estou com o meu saudoso chihuahua Paco Ramirez, e com a visitante buldogue francês Loreta. Mais uma vez sinto-me tocado por sua sensibilidade ao mencionar os nomes dos adoráveis cachorrinhos.
Gratíssimo por tudo… e meus parabéns pelo seu valoroso trabalho de memória e resgate, que continuo acompanhando com interesse e entusiasmo nas páginas do Diário I&C. Abraço do Francisco Souto Neto.
P.S.: Envio-lhe uma preciosa foto da década de 80: na Galeria de Arte Banestado, Poty e Vera em primeiro plano. Atrás, em pé: Alice Varajão eu e Marly Meyer Araújo. Repare, pregadas nas portas dos armários, duas das minhas colunas “Expressão & Arte”, do I&C.
Artes plásticas do Paraná no século 20 (1ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (2ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (3ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (4ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (5ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (6ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (7ª parte)
Artes plásticas do Paraná no século 20 (8ª parte)