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Artes plásticas do PR no século 20

(terceira parte)

Bia Wouk mandou-me recado, publicado na edição de ontem deste espaço: acha que está na hora de eu escrever na primeira pessoa sobre este assunto que estou apenas “bordando”. Quer mais, a querida Bia: que eu passe para o papel minhas memórias. Pode ser…

Confesso que o desafio de Bia me encanta. Enquanto não faço um trabalho substantivo nessa área das artes plásticas, prossigo com alguns retrospectos em torno do tema. E isso me propicia registrar: além de Bia – amiga de antiga devoção, junto com seus pais e o irmão, Antonio Felipe, como o marido dela, o embaixador João Almino, hoje dirigente da Agência Brasileira de Cooperação, do Itamaraty -, o professor de História da Arte, Fernando Bini (PUCPR e EMBAP) me incentivou igualmente.

E o fez dando destaque, numa exposição que promoveu há dois anos no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, à minha participação nas lides das artes plásticas do Estado no século 20.

NA BIBLIOTECA

Minha importância nesse mundo das artes visuais mostrou-se em poucos episódios. Mas acho que o valioso mesmo foi meu olhar jornalístico colocado – parcialmente, porque o dia a dia de jornal de levava a mil tarefas – naquilo que ocorria na área.

Assim, além da Cocaco, tenho bem claro, que a Biblioteca Pública do Paraná (na qual dirigi, aos 14 anos, o jornalzinho A Voz da Biblioteca, em 1954 e não em 1964, como foi publicado na coluna de ontem) era outro centro notável, formando novas gerações de artistas. E também formando, indiretamente, o futuro mercado.

Acho que a primeira grande mostra de arte que vi na BPP, no seu salão de exposições no segundo andar, foi a do pintor norte-americano Grover Chapmann. Se não me engano, foi o Fernando Velloso que atuou como curador – expressão que ainda não se usava para identificar o responsável-pesquisador-montador de uma mostra de artes. Isso deve ter sido em 1962.

CHAPMANN

De Chapmann me lembro das figuras robustas, de freiras trabalhadas em óleo sobre tela, a lembrar realidades celestes, elas com seus chapelões imensos, herança de tempos medievais. Os chapéus permaneceram na Congregação das Filhas da Caridade até um pouco depois das reformas do Vaticano II.

Em 1960, lembro-me bem, o mais presente crítico de artes plásticas era mesmo o Aurélio Benitez. Eduardo Rocha Virmond era múltiplo, escrevendo com relativa frequência no Diário do Paraná, sobre música e artes visuais. Sempre muito acatado.

E o Nelson Faria de Barros, o Nelsinho, às vezes arriscava alguns textos, como aqueles que reencontro na revista “Clube”, de Dino Almeida, na qual me iniciei em Jornalismo profissional.

VIARO

Voltando à Biblioteca Pública – vizinha daquele mundo fantástico que era a Cocaco – dela guardo pontos salientes em suas relações com o mundo das artes plásticas: a Escola de Arte, dirigida pelo grande mestre Guido Viaro, no subsolo da BPP, um celeiro de novos valores; o Foto Clube Paraná, também funcionando no subsolo; e a grande abertura que uma bibliotecária antológica, Sabine Samut, judia, natural do Egito, dedicava ao tema, ofertando informações sobre artes visuais. Ela e o insuperável Mário Rubinski, na Seção de Belas Artes.

(PROSSEGUE)

Leia mais: Artes plásticas do Paraná no século 20 (primeira parte)

Leia mais: Artes plásticas do Paraná no século 20 (segunda parte)

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