Por André Nunes com fotos de Lina Sumizono – Cláudia Abreu dispensa apresentações. Sua extensa carreira na televisão, cinema e teatro vem encantando gerações. Felizmente, o público pode conferir toda essa bagagem artística em cena no espetáculo Virginia, em cartaz de 25 a 27 de abril na Caixa Cultural Curitiba. O espetáculo conta com iluminação do genial Beto Bruel.
O Mural do Paraná foi conferir a primeira sessão, na noite de ontem, com registros exclusivos da fotógrafa Lina Sumizono.

Sinopse e inspiração
Idealizado e escrito por Cláudia Abreu a partir da vida e da obra de Virginia Woolf (1882-1941), Virginia é o primeiro monólogo da atriz, que interpreta a genial escritora inglesa, cuja trajetória foi marcada por tragédias pessoais e uma linha tênue entre a lucidez e a loucura.

A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de ‘dar corpo’ às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.
Com isso, os efeitos em cena são impressionantes: da euforia ao drama pessoal, dos traumas às realizações, das trágicas mortes de sua mãe e irmã às lutas pelo sufragismo e outras conquistas femininas em meio ao conturbado início do século 20.

Virginia é o resultado dos vários atravessamentos que Virginia Woolf provocou em Cláudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espetáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos.
Primeiro monólogo da carreira da atriz, o solo marca ainda a sua estreia na dramaturgia e o retorno da parceria com Amir Haddad, que a dirigiu em ‘Noite de Reis’ (1997).
A relação de Cláudia com Virginia Woolf começa em Orlando, encenação assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como ‘Mrs Dalloway’, ‘Ao Farol’ e ‘As Ondas’. No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.

Ao final do espetáculo, Claudia Abreu agradeceu ao público de Curitiba pela acolhida, e por prestigiar o teatro. E lembro que, no mês passado, esteve na capital com o elenco do espetáculo Os Mambembes, que abriu a 33ª edição do Festival de Curitiba, no Teatro Positivo.