A chegada da ex-presidente Dilma Rousseff à presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, evidencia um resgate de prestígio político. Desde o impeachment, ela vinha afastada da vida pública. Diferentemente de quando era presidente, ela responderá a instâncias superiores na estrutura do banco, e não terá poder de decisão final em todos os assuntos. Enfrentará desafios, como a situação da Rússia no NDB, e terá que lidar com o ingresso de novos integrantes na instituição.
Eleita por unanimidade para a presidência do banco do bloco no fim de março, Dilma tomou posse nesta quinta-feira (13), em cerimônia em Xangai, na China, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Assumir a presidência do NBD é, sem dúvida, uma grande oportunidade de fazer mais para os países do Brics, mas não somente para os seus membros, mas também para os países emergentes e em desenvolvimento”, destacou a ex-presidente em seu discurso de posse.
Dilma disse ainda que pretende promover o financiamento de projetos em moedas locais e que buscará estabelecer “alternativas financeiras robustas”.
Alternativas financeiras
Essa ideia também foi defendida por Lula na cerimônia. “Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Quem é que decidiu que era o dólar? Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países numa situação um pouco mais tranquila, porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar”, ressaltou.
O presidente também defendeu o NDB como uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e parabenizou Dilma pelo cargo.
Especialistas acreditam que o perfil de Dilma, mais técnico-burocrata do que articulador político, deverá favorecê-la na liderança executiva do banco, que em março de 2020 anunciou a suspensão de empréstimos e financiamentos à Rússia, por conta de cenário de “incertezas e restrições”, conforme nota que não citava a guerra na Ucrânia.