
Neto do Brigadeiro Franco e pai do ex-governador, banqueiro e ex-senador Adolpho de Oliveira Franco, o advogado e cafeicultor João de Oliveira Franco (1891-1973) será um dos personagens do sétimo volume do livro “Vozes do Paraná”, com lançamento previsto para abril/maio de 2015.
Nascido em 1891, João foi aluno do professor Victor Ferreira do Amaral, no Ginásio Paranaense. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, no Rio de Janeiro, em 1912, na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Começou a vida profissional em Paranaguá como promotor público e inspetor escolar. Também morou e trabalhou em Ponta Grossa, como advogado e promotor substituto.
DELEGADO DE ENSINO
– Transferiu a banca para Curitiba, em 1916, ano em que foi nomeado inspetor do Departamento Nacional de Ensino no Ginásio Paranaense, hoje Colégio Estadual do Paraná. Designado mais tarde delegado-geral do Ensino Secundário nos Estados do Paraná e Santa Catarina, ajudou na fundação do internato do Ginásio Paranaense e no reconhecimento das faculdades de Direito, Medicina e Engenharia da Universidade do Paraná.
ESTRADA DE FERRO E LONDRINA
– Uma guinada na vida de João ocorreu em 1924, quando se vinculou ao Norte do Paraná. Foi contratado pela Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná para ser o seu representante junto ao governo paranaense. Quatro anos depois, em 1928, a estrada de ferro passou para o controle da Companhia de Terras Norte do Paraná, de capital majoritariamente inglês. João passou a ocupar o cargo de diretor na Cia. de Terras e deu continuidade às obras de expansão da ferrovia, tanto que em 1931 os trilhos chegaram a Cornélio Procópio, em 1935 a Londrina, e, mais tarde, a Arapongas. Ele teve contribuição decisiva no desenvolvimento político de Londrina. Empenhou-se para a elevação, em 1933, da localidade a distrito, em 1934 a município e em 1938 à condição de comarca. Em 1965, João recebeu o título de cidadão honorário de Londrina.
DONO DE JORNAL
– Paralelamente à representação da companhia ferroviária em Curitiba, João, o irmão Manoel e alguns amigos empresários, como Arthur Martins Franco, Léo Barbosa Ferraz, Pietro Martinez e Carlos Serpa, fundaram, em janeiro de 1925, o jornal O Estado do Paraná, com redação e oficina na Rua Barão do Rio Branco esquina da Rua Marechal Deodoro. Ele ficou dois anos na sociedade, da qual foi diretor por algum tempo. Saiu para cuidar de uma série de outras atividades. O jornal deixou de circular em 1928.
CAFÉ DO PARANÁ
– Mas o grande papel de João de Oliveira Franco talvez tenha sido o seu envolvimento na defesa do café paranaense. Lutou, no início da década de 1930, contra a proibição do plantio de café no Paraná, determinada pelo governo central. Por decreto do então interventor federal general Mário Tourinho, João atuou no Rio como delegado do Paraná. E o trabalho vingou: durante a Conferência Cafeeira, realizada no Rio, o Paraná recebeu autorização para continuar plantando café. O general Mário Tourinho agradeceu publicamente os esforços de João em defesa dos interesses paranaenses mandando publicar, no Diário Oficial do Estado, de 4 de maio de 1931, na primeira página, o texto integral de uma carta enviada ao advogado. Os trabalhos, disse Tourinho, “foram todos prestados sob vossa recusa formal de nenhuma remuneração”. João fez parte do Conselho Nacional do Café, que chegou a presidir, e, depois, do Departamento Nacional do Café, já a pedido do interventor Manoel Ribas.
SECRETÁRIO E INTERVENTOR
– Em janeiro de 1938, na solenidade de instalação da comarca de Londrina, João recebeu convite do interventor Manoel Ribas para ser o seu secretário da Fazenda, Indústria e Comércio. Assumiu no dia 1º de fevereiro. Foi titular da pasta até romper com Manoel Ribas, em setembro de 1943, em protesto contra a criação do Território Federal do Iguaçu, que reduziu em 25% a área do Estado do Paraná. Por vinte vezes João assumiu oficialmente o cargo de interventor, em substituição a Manoel Ribas.
FAMÍLIA
– Poucos meses após a formatura, ainda no Rio, João casou-se no dia 25 de março de 1913 com Hilda Faro, filha do marechal Antonio Netto de Oliveira Faro. João e Hilda tiveram seis filhos: Hilton de Oliveira Franco (1914-1942); Adolpho de Oliveira Franco (1915-2008); Mireide de Oliveira Franco (1917-2008), que se casou com Cláudio Macedo Lopes (1911-1976); Hilda de Oliveira Franco, que se casou com Alberto Pinto de Miranda; Maria Helena de Oliveira Franco, que se casou com Eduardo da Silva Ramos; e João de Oliveira Franco Filho (1921-1980), que se casou com Dora Vidal de Oliveira Franco.
Depois de 40 anos de vida profissional, João aposentou-se e virou um pacato fazendeiro, com lavoura de café em Astorga. João de Oliveira Franco faleceu em Curitiba em 1973, com a idade de 82 anos.