Por Eloi Zanetti* – Alguns fotógrafos, principalmente os que usam a técnica do preto e branco, como Sebastião Salgado, Cartier Bresson, Chambi e Ansel Adans, captam com sua arte instantes fugazes de silêncio. Mensageiros de recados divinos sintetizam cenas expressivas: pessoas, olhares, situações e cenas que nos dizem muito mais do que está retratado na imagem.
Ao olhá-las, muitas vezes pensamos constrangidos – “o que está acontecendo ali, naquele momento, o que levou o ser humano àquela situação”. Isso incomoda a nossa alma.
São fotos que desnudam o que somos. Podem estar retratando um momento de amor ao próximo ou de abandono, uma violência política ou social, uma paisagem deslumbrante ou um fato cotidiano, tão cotidiano que deixamos passar, mas eles, os fotógrafos, estão atentos e clicam.
Ao observar suas fotos tudo se sincroniza: o fato, o olhar do fotógrafo, a mecânica do equipamento e o nosso olhar receptivo.
O espírito que se inquieta, pois o silêncio, como entidade, é mais eficiente do que o ruído do falatório.
O poeta Manoel de Barros, em Ensaios Fotográficos, disse: “é difícil fotografar o silêncio, mas eu tentei”.
*Eloi Zanetti é publicitário, referência em comunicação corporativa e empresarial, e colunista do Mural do Paraná.