Gestantes são encaminhadas a hospital geral, sem atenções especiais que merecem, e em meio a infecção hospitalar

Na semana, profissionais que estavam em turno de trabalho na Maternidade Bairro Novo se reuniram em frente ao local com cartazes par alertar a população e as autoridades sobre o risco a que estão expostas as gestantes e bebês devido a uma decisão da Prefeitura Municipal de Curitiba comunicada no início desta semana.
De acordo com a determinação da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, todos os partos que seriam atendidos na Maternidade Bairro Novo estão sendo transferidos para o Hospital Evangélico e para a Maternidade Mater Dei.
LIBERAR LEITOS
O objetivo é liberar leitos da Maternidade Bairro Novo para pacientes de baixa complexidade sem suspeita de Covid-19. Isso liberaria vagas em hospitais de referência para os casos suspeitos ou confirmados de Coronavírus.
QUESTIONAMENTOS
A medida, no entanto, está sendo questionada pelos profissionais de saúde que atendem na Maternidade Bairro Novo. Eles alertam que a situação pode gerar um caos no atendimento às gestantes.
GESTANTES EM RISCO
“As gestantes estão sendo colocadas em risco ao serem transferidas, já que esses locais que deveriam recebê-las já estão lotados e não estão conseguindo atender as gestantes, que muitas vezes já chegam com o bebê prestes a nascer”, alerta a enfermeira obstétrica Aline Calça, que atua na área de obstetrícia há 19 anos, dos quais seis na maternidade Bairro Novo.
INFECÇÃO HOSPITALAR
“Outra questão bastante grave é que, nos hospitais gerais, o risco de uma infecção hospitalar é muito maior, já que esses locais costumam estar mais expostos a vírus e bactérias que podem ser letais tanto para a mãe que acabou de parir, quanto para o bebê.
ORIENTAÇÃO MUNDIAL
Além disso, complicações obstétricas podem passar despercebidas por causa do excesso de mulheres que precisarão de assistência”, completa.
“No mundo todo a orientação dos profissionais de saúde é que os partos, em tempos de pandemia, ocorram em maternidade e em casas de parto.
Curitiba está indo na contramão do que os especialistas em parto recomendam”, explica.
PERIGO IMINENTE
“Nosso maior temor é que a superlotação no Hospital Evangélico e na Maternidade Mater Dei gere um caos nos atendimentos às gestantes. Elas correm o risco de, inclusive, terem seus filhos no meio da rua por falta de atendimento. A situação é muito grave e estamos muito preocupados, destaca Alyni Dobkowski”, enfermeira obstétrica que trabalha há dois anos na maternidade Bairro Novo.
OUÇAM AS SUGESTÕES
A sugestão dos profissionais de saúde da Maternidade Bairro Novo é que o local concentre o atendimento às gestantes e que a necessidade de leitos emergenciais para os doentes do Covid 19 seja resolvida com leitos hoje ocupados por gestantes nos hospitais gerais. Eles defendem também a construção de hospitais de campanha para atender à emergência de saúde pública, como está ocorrendo em outros países.
VOLTAM À MATERNIDADE
No dia 31 de março, por exemplo, pela manhã, segundo profissionais que trabalham na Maternidade bairro Novo, houve relatos de gestantes que haviam sido encaminhadas para o Hospital Evangélico de Curitiba e, por não conseguir atendimento, precisaram ir até a Maternidade Bairro Novo já em trabalho de parto.
(Informações da jornalista Luciana Zenti)