quinta-feira, 26 dezembro, 2024
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“Zé do Chapéu”: a exposição de uma marca vencedora

José Eduardo de Andrade Vieira
José Eduardo de Andrade Vieira

Podia-se dizer tanta coisa de José Eduardo de Andrade Vieira, boas e algumas negativas. Exemplos: que dava impressão de ser autoritário, arrogante e dono de péssimo humor.

Ninguém, no entanto, poderia tirar do ex-ministro de Itamar e Fernando Henrique, ex-senador e ex-presidente do Banco Bamerindus, a sua marca, a de um cidadão basicamente simples.

2 – LINGUAGEM DOS POBRES

O dinheiro jamais retirou dele a capacidade de falar, com facilidade, com a gente humilde e, mesmo, de adotar a linguagem dos estratos mais pobres dentre os agricultores. Nisso era um típico homem do nosso interior, do Norte do Paraná. Fazia-se entender com toda facilidade pela gente interiorana.

Quem tem boa memória de nossa vida pública se lembra, por exemplo, como foi fácil – e difícil, ao mesmo tempo – gente como o publicitário Sérgio S. Reis torná-lo palatável aos eleitores, quando de sua candidatura ao Senado, no final dos anos 80s.

Avelino Vieira
Avelino Vieira

3 – TAMBÉM TEREZA DE SOUZA

Na verdade, a compositora de jingles Tereza de Souza fez parte do “milagre”, de transformar o banqueiro em um candidato confiável também para o cidadão urbano e escolarizado.

Sergio S. Reis conseguiu o “milagre” de criar a imagem do “Zé do Chapéu”, um chapéu voador sendo associado ao homem que se apresentava para representar o Paraná.

Quanta à pregação, ao conteúdo, isso ele tinha de sobra, quando pregava em torno de temas econômicos. O resto do discurso de campanha, Sérgio Reis, Pinheiro e Woiler Guimarães se encarregaram de suprir. Com o apoio de alguns jornalistas que, por dever de ofício, foram mestres em traduzir o economês e o sociologuês necessários.

4 – SEM RESISTÊNCIA

Sérgio S.Reis
Sérgio S.Reis

A essa montagem de campanha eleitoral nem os acadêmicos ‘snobs’ de nossas vidas universitárias puderam resistir. O falar do povo se impôs.

Campanhas caras, mostrando cidadãos sofisticados, como Tony Garcia, com o qual competiu, não foram páreo para Zé Eduardo.

Resultado: não houve páreo para o “Zé do Chapéu”, que o Paraná perdeu domingo, em Londrina.

De minha parte só posso registrar essa opinião final: ninguém poderia mesmo passar “impune” à influência de um pai singularmente notável, como foi o de Zé Eduardo, o banqueiro e cidadão exemplar Avelino Vieira.

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