segunda-feira, 18 agosto, 2025
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Evolução do MCMV cria tendências para habitações sociais

Com a inclusão dos imóveis com valores de até R$ 500 mil, para famílias de classe média, a ampliação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) está impactando o padrão de qualidade, a localização e a infraestrutura de convivência no setor da construção civil voltada à habitação social.

Depois de, historicamente, incentivar a construção de novos empreendimentos em áreas periféricas, com a ampliação do teto, o programa impôs mudanças na escolha dos terrenos por incorporadores, no uso e ocupação do solo das áreas destinadas à habitação social. E a mudança tem impacto não apenas nos imóveis voltados às famílias com renda de até R$ 12 mil, da Faixa 4, mas também nas residências das Faixas 3 e 2 do MCMV.

Um exemplo é o investimento de R$60 milhões anunciado pela incorporadora Aporá na cidade de Santo Antônio da Platina, no Paraná. O empreendimento, que será lançado no segundo semestre de 2025, tem área total de mais de 22 hectares e prevê a construção de moradias das faixas 2, 3 e 4 do programa. O projeto prevê infraestrutura de lazer e práticas esportivas semelhante à de condomínios de alto padrão.

O Terra Norte Residencial Parque contempla, ainda, uma proposta de requalificação urbana, com a implantação de parque de uso público e a integração de regiões do município atualmente separadas por Área de Preservação Permanente (APP), que será conservada.

A evolução do programa rompeu com o paradigma da habitação mínima e padronizada e permitiu o surgimento de tendências irreversíveis no mercado da habitação de interesse social. A nova fase tem, como resultado, a aposta do setor da construção civil nas edificações com qualidade estética e construtiva superior, conforto térmico, além de soluções de sustentabilidade, algo que já impera no mercado imobiliário de alto padrão ao superluxo”, avalia o sócio-fundador e diretor-executivo da Aporá, José Vilela de Magalhães Neto.

De acordo com o incorporador, a elaboração de projetos com foco cada vez maior na experiência do morador e no impacto urbano dos empreendimentos tem trazido, para o MCMV, propostas modernas de arquitetura e urbanismo. A evolução passa pela forma como os imóveis são projetados e executados, com o uso de tecnologias de ponta e o cumprimento da norma de desempenho. A entrega também é mais estruturada, com vistorias técnicas padronizadas, manuais do proprietário, assistência técnica e canais de atendimento dedicados ao pós-venda.

A transformação também influencia o padrão de acabamentos. Hoje, já é possível encontrar nos empreendimentos do MCMV itens como bancadas de granito, revestimento cerâmico em áreas molhadas, esquadrias de alumínio com vidro temperado e pisos de maior qualidade. Segundo Vilela, a consequência é a maior valorização dos imóveis e satisfação dos consumidores imobiliários do programa. “Pesquisas feitas por Caixa e Banco do Brasil apontam que o nível de satisfação das famílias das faixas 2 e 3 ultrapassa os 80%”, reforça.

Do isolamento à integração: localização repensada

Outro impacto da ampliação do teto do MCMV é a opção por áreas consolidadas e não periféricas nos municípios. Com isso, o programa deixa de estimular o desenvolvimento suburbano disperso para oferecer opções de imóveis de habitação social mais próximos dos centros das cidades.

De acordo com Vilela, a mudança é explicada pela possibilidade de compra de terrenos com maiores custos, que oferecem melhor qualidade de vida para os moradores. “Com o valor que o tempo tem para a sociedade moderna, encurtar distâncias contribui para o bem-estar das famílias e amplia o acesso delas aos serviços urbanos e melhores oportunidades de trabalho e renda. Além disso, a menor segregação dos imóveis de habitação social tem impacto direto na mobilidade urbana”, aponta.

Outro diferencial competitivo dos lançamentos do MCMV são os empreendimentos com itens da construção civil “verde”. Tecnologias como painéis solares para aquecimento de água ou geração de energia elétrica já são realidade em algumas regiões. Materiais construtivos com maior isolamento térmico e acústico também estão sendo incorporados com mais frequência, o que contribuiu para o conforto térmico e a eficiência energética. “O uso de novas tecnologias de fachada, blocos com isolamento térmico e soluções que favorecem a circulação do ar podem reduzir a temperatura interna de um imóvel em até 5 graus Celsius. Isso significa menos uso de ventiladores e climatizadores, o que ainda gera economia para os proprietários e inquilinos”, explica Vilela.

Por fim, com o aumento das reservas naturais urbanas, como RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), mais novos projetos preveem a preservação de áreas verdes e a integração da natureza ao uso comunitário responsável, como no empreendimento paranaense. O Terra Norte prevê a transformação de uma área de 83 mil m² em parque urbano de uso coletivo que terá relevância no controle da vazão da bacia do Rio Boi Pintado, colaborando para a contenção de cheias. A estrutura do novo espaço contará com trilhas, ciclovias, áreas de sombra e de atividades ao ar livre, inspirada em modelos bem-sucedidos implantados em cidades como Curitiba e Londrina. “A natureza já deixou de ser limite e passou a ser um ativo de convivência e qualidade urbana também para as construções de habitação social”, resume o diretor da Aporá.

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