Triste futebol paranaense. Na véspera das semifinais do estadual que o J. Malucelli disputaria, o STJD, a Corte Suprema do futebol, retirou 16 pontos do clube, eliminou-o da decisão e o rebaixou à segunda divisão do paranaense. Se havia alguma razão na sentença, ela se perdeu na lentidão do STJD em julgar casos que requeriam urgência. O J. Malucelli já havia sido absolvido pelo TJD do Paraná por supostamente escalar um jogador irregular. Perdeu no recurso julgado a posteriori. Bem a posteriori.
BASTA!
Os efeitos são devastadores. Tão devastadores que o J. Malucelli anunciou o encerramento temporário de suas atividades. Iria para a Série D do Brasileiro. Não mais.
AMADOR NA ORIGEM
Há que lembrar-se aqui: o J. Malucelli ou Jotinha nasceu de um time amador formado por duas famílias tradicionais na década de 90: os Malucelli e os Trombini. Formou-se o Malutrom. Profissionalizado, conquistou em dois anos a série C do Brasileirão. Um feito incrível.
Depois disputaria o campeonato estadual com os altos e baixos de qualquer equipe de orçamento modesto. Em um dos momentos de crise, mudou de nome para tornar-se J. Malucelli, o nome das empresas do megaempresário Joel Malucelli. Tornou-se um time de formação de jogadores e de investimentos. Em 2009, fechou um contrato com o Corinthians, que permitiu que licenciasse a marca. Tornou-se então uma franquia do time paulista: o Corinthians Paranaense. O objetivo era de novo atrair o interesse de investidores com o aproveitamento de jogadores do time-base de São Paulo no clube-irmão. A parceria durou pouco.
O TAPETÃO DE SEMPRE
Devolvido ao nome de origem, o clube seguiu com algum destaque nos campeonatos regionais. No Paranaense deste ano fez uma de suas melhores campanhas, terminando em quarto lugar na classificação geral. Não foi o suficiente. O tapetão subtraiu-lhe a conquista.
CARTA À CBF
Juarez Malucelli, presidente do Jotinha, já havia sinalizado a intenção de interromper as atividades. Com a carta endereçada à CBF, na tarde de ontem, oficializa-se a desistência do clube no campeonato da Série D e em todos os torneios oficiais. Deixa-se para trás a estrutura, o estádio ecológico da Rodovia do Café, os jogadores, as categorias inferiores, os funcionários.
TRIUNVIRATO
Joel Malucelli, o J. das empresas, é um homem do futebol. Foi integrante do triunvirato que deu vida nova ao Coritiba, juntamente com Edson Mauad e Sérgio Prosdócimo, nos anos 90, assumindo depois a presidência da agremiação. O futebol foi sempre sua paixão e também a de sua família.
Mas há limites para tudo. E o comando do futebol no país há muito anda sub judice. Não por acaso, seu dirigente principal, José Maria Marín, até hoje cumpre prisão domiciliar na Trump Tower, em Nova York, vigiado de perto pelo FBI. Joel Malucelli sabe: o Brasil não é um país sério.
Que dirá o futebol.