sábado, 5 outubro, 2024
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Zeladoria Urbana: Morar no centro já foi sonho da classe média

Por Marcus Gomes – Livro escrito pelas professoras e pesquisadoras da UFPR, Elizabeth Amorim de Castor e Zulmara Clara Sauner Posse, “Morar nas Alturas! – A verticalização de Curitiba entre 1930 e 1960” (foto) é uma elegia à urbanidade da capital paranaense. É nesse período que ocorre a construção do edifício Marumby, anunciado como o primeiro condomínio do Paraná.

Para o alto

Um jornal da época descreve: “Trata-se de uma obra de 12 pavimentos, em cada um dos quais se distribuem, com perfeição, quatro apartamentos residenciais, num total de 48 para todo o prédio”.

Faltava qualificação

É a primeira incorporação em condomínio da cidade, uma maneira de empreender que ganhava ritmo em São Paulo e Rio de Janeiro, mas, com atraso, dava os seus primeiros passos em Curitiba muito em razão da falta de mão de obra qualificada naquele período.

Espaço amplo

A capital, que ainda se caracterizava por moradias do tipo sobrado ou casas de madeira no estilo bangalô (térreas), ousava na verticalização. Os apartamentos do Marumby, amplos e confortáveis, tinham 158 metros quadrados e vinham instalados com fogão elétrico e aquecedor de água. Um luxo quase inacreditável.

Medo da guerra fria

Inaugurado em 1947, no pós-guerra, o Marumby trazia uma curiosidade que refletia os temores da época. O edifício possuía abrigo antiaéreo. A explicação estava no medo corrente de um novo conflito mundial que não descartaria, desta vez, o uso de bombas atômicas, tal como as lançadas em Hiroshima e Nagazaki dois anos antes.

Filme e pipoca

No mais, morar no centro da cidade, fazia parte do sonho da classe média curitibana. “Tudo acontecia no centro, era mais fácil fazer compras e tínhamos o cinema como lazer. Os shoppings não existiam”, diz um antigo morador do Marumby em depoimento às autoras.

Curitiba em flor

A XV de Novembro ainda não existia como um calçadão reservado aos pedestres, mas lá estava o Passeio Público, livre das grades, inserindo todos na capital que florescia literalmente e metaforicamente.

A vida como ela não é

Não estávamos na era dos “apertamentos”. Os condomínios que surgiam, acredite, ofereciam unidades residenciais com hall, saleta com varanda, sala de estar com lareira, cozinha ampla, armários embutidos e rouparia. Parece que vida era bem mais sacudida e risonha. O que foi que deu errado?

Em tempo

O livro das professoras e pesquisadoras da UFPR pode ser baixado gratuitamente em: www.memoriaurbana.com.br/morar-nas-alturas/livro/

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