
Ao fechar, por pressão de multinacionais junto ao governo Lula, a importação de pneus usados, o empresário gastou R$ 20 milhões em indenizações trabalhistas e teve de cortar 1.200 empregos bem remunerados. Não voltará para a área, garante.
Francisco Simeão não é apenas um empreendedor diferenciado num país amarrado às benesses do Estado provedor. Ele nunca deixou de ser raridade em termos de resiliência, enfrentando percalços para manter seus projetos de profundo sentido social.
Lembram-se que sua BS Colway oferecia todas uma cadeia de atendimento aos funcionários, a quem dava até acesso até a academia no local de trabalho?
Hoje Simeão contempla os frutos dessa resistência, uma “loucura de meta certa”: o Congresso encaminha-se para reconhecer o direito de as empresas importarem produtos usados (como automóveis), em boas condições, e que podem ser remoldados.
Trata-se de vitória moral do mago da antiga BS Colway, que lutou enorme combate, provando no CONAM, o conselho nacional do meio ambiente, que renovar pneus usados não prejudicava o meio ambiente.
Mas Simeão é franco: a indústria BS Colway não vai voltar. O empresário é todo voltado à implantação da impressionante obra do Parque Industrial de Piraquara, que, de saída, vai gerar 10 mil empregos…
Sem ira, mas com boa memória, Simeão (que será um dos Grandes Porta-Vozes do Paraná de 2021, promoção do Instituto Ciência e Fé de Curitiba), gastou US$ 20 milhões para fechar sua indústria em Piraquara, pagando, entre outras, indenizações trabalhistas de 1.200 funcionários.
Não esconde uma certeza: foi vítima de lobby das multinacionais dos pneumáticos em conluio com o governo petista comandado por Lula. A seguir, a entrevista que a coluna fez com Simeão:
MUNDO CIVILIZADO
1) Como encara esse novo movimento do Congresso em favor das importações de produtos, caso dos pneus usados?
No mundo civilizado a importação de bens usados não é proibida, permitindo que pessoas de menor renda, sem condições de comprar bens novos, tais como veículos e outros bens, possam ter acesso a bens usados ainda de ótimas condições de uso, a preço significativamente baixos.
LOBBY, SEM DÚVIDA
2) Como explicar que um país que importa toda sorte de coisas – escovas de dente de péssima qualidade, por exemplo – tenha conseguido banir a importação de pneus com todas as condições de serem remoldados e colocados competitivamente no mercado nacional?
O caso específico dos pneus usados, a proibição se deu em razão do lobby das multinacionais dos pneus, que não suportavam a concorrência dos ótimos pneus BS Colway, fabricados a partir de pneus usados importados, principalmente da Alemanha, de excepcional qualidade, para a produção de pneus remoldados, os pneus que ficaram conhecidos como os “novos de novo”.
A mentira indecorosa do ex-presidente Lula e seu AGU – Advogado Geral da União, Dias Tofoli, de que essa matéria-prima prejudicava o meio-ambiente ficou formalizada na ADPF 101/2000, aprovada no STF pela maioria dos Ministros que haviam sido nomeados por ele.

MAL IRREVERSÍVEL
3) Quais os passos que você e seu grupo preparam para a possível nova (velha) realidade?
Nosso grupo estará torcendo para que finalmente se faça justiça aos brasileiros, sendo impossível para nós retomar as atividades industriais da BS Colway. Infelizmente, esse mal, que promoveu a demissão de 1.200 ótimos e produtivos trabalhadores em Piraquara, está feito e é irreversível.
DA ALEMANHA
4) Explique sinteticamente, os benefícios da remoldagem dos pneus. Em termos de cifrões, o quanto isso pode significar para o cidadão?
Os pneus remoldados, a partir de carcaças de pneus usados importados da Alemanha, onde não há limite de velocidade nas suas auto-bans e os carros voam a mais de 200 km. Por hora, com segurança, são de ótima qualidade, melhores do que os pneus produzidos no Brasil. Na época, os preços dos BS Colway eram mais duráveis e pelo menos 40% mais baratos.
ANIP COM O PT
5 ) Quem comandou o lobby contra essa indústria de que a Bs Colway foi o grande exemplo nacional?
Na época, a ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos tinha grande afinidade com o PT e, em especial, com o ex-presidente Lula. Depois de termos vencido todas as adversidades, os Ministros da Indústria e Comércio, a Ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e o próprio IBAMA, como último e eficaz recurso, o presidente da República resolver entrar pessoalmente nessa briga, em defesa das multis dos pneus, nos impondo a derrota que foi definitiva.
GUERRA DOS PNEUS
Apesar de tudo, não guardamos a menor mágoa sobre o fechamento da fábrica e o prejuízo de mais de US$20 milhões de dólares com o encerramento das atividades e a indenização de todos os funcionários.
Nos soerguemos tenazmente e hoje, 13 anos depois, estamos muito mais sólidos financeiramente. Não nos arrependemos um segundo sequer de nossa luta, que ficou conhecida como “GUERRA DOS PNEUS”.
Nosso legado foi a Resolução Conama 258/99, por nós formulada, defendida e aprovada no plenário do CONAMA, com esmagadora maioria de votos, contra o Ministro do Meio Ambiente, todas as multinacionais e o lobby contra nossa causa. O resultado ao País foi a solução para o “lixo-pneu”, que hoje não existe mais proliferando a dengue e agredindo o meio ambiente.
OBSERVAÇÃO FINAL 10 MIL EMPREGOS
E o mais importante, quero registrar, está acontecendo: hoje estamos tendo a oportunidade de criar o Parque Industrial de Piraquara, para gerar 10 mil empregos e sedimentar o programa inédito de habitação através de uma “fábrica de prédios”, conforme a estamos chamando, projetos esses explicitados no vídeo que estou enviando a seguir, por WhatsApp.