terça-feira, 12 novembro, 2024
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RPC realiza último debate entre candidatos no 1º turno

Por André Nunes com informações do Bem Paraná – A RPC TV realizou na noite desta quinta-feira (3) o último debate com candidatos à prefeitura de Curitiba antes do primeiro turno, neste domingo (6). Foram convidados pela emissora e estiveram presentes oito candidatos: Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB), Ney Leprevost (União), Roberto Requião (Mobiliza), Cristina Graeml (PMB), Luizão Goulart (Solidariedade), Maria Victoria (PP) e Andrea Caldas (PSOL).

Os bastidores na redação da RPC começaram agitados, com torcidas dos candidatos balançando bandeiras e entoando palavras de ordem nas ruas ao redor da TV. Requião foi o primeiro candidato a chegar; o último foi Ducci, pouco depois de Leprevost, que chegou exaltado: um episódio na rua de entrada da emissora o tirou do sério, aparentemente uma tentativa de atirarem algo em sua direção, que teria partido da torcida de Pimentel. Perguntado sobre isso, o atual vice-prefeito se disse tranquilo e que iria “responder cada ataque com uma proposta”.

O clima era de camaradagem entre Requião, Andrea Caldas e suas equipes, também com Goura (PDT), candidato a vice na chapa de Ducci. Já Cristina Graeml celebrou estar em seu primeiro debate televisivo: não foi convidada para o debate na RICTV, e foi desconvidada na chegada ao primeiro debate na TV Band.

Bastidores do debate, na redação da emissora: Andrea Caldas, Maria Victoria, Roberto Requião e Luciano Ducci

Maria Victoria e Luizão ficaram em “baias” lado a lado na redação e demonstravam tranquilidade antes do debate. A candidata veio acompanhada pelo marido, e o ex-prefeito de Pinhais estava com seu candidato a vice, Tiago Chico (Solidariedade). A ex-governadora Cida Borghetti e o secretário estadual Ricardo Barros acompanhavam a filha – Cida circulou na redação cumprimentando a todos com simpatia.

Primeiro bloco

Pimentel perguntou para Ducci sobre transporte coletivo e renovação da concessão em 2025, que defendeu o projeto do metrô, feito em sua gestão e engavetado no mandato de Gustavo Fruet. Criticou o aumento da tarifa que viria com a maior adesão a ônibus elétricos, proposta apontada por Pimentel.

Luizão fez pergunta para Pimentel sobre as promessas de campanha de 2020, quando retirou sua candidatura “a pedido do governador Ratinho Junior“, como a revitalização do Centro e a população em situação de rua. Luizão enfatizou seus bons resultados e avaliação popular como prefeito de Pinhais, dizendo que cumpriu todas as promessas de campanha. Pimentel refutou o levantamento do G1, que apontou o cumprimento de apenas 22% das promessas (e 25% parcialmente) da campanha de Rafael Greca em 2020, dizendo que, se for analisado todo o plano de governo, seriam 80% as promessas cumpridas.

Eduardo Pimentel, Luizão Goulart, Ney Leprevost e Cristina Graeml

Cristina Graeml pergunta para Ney Leprevost sobre o caso de denúncia de um servidor coagido a doar para a campanha de Pimentel. Ney repudiou o caso, mas não seguiu no tom de Cristina e foi mais ameno. Por sua vez, ela os chamou de “compadres na política”. Na sequência, Andrea Caldas perguntou para Maria Victoria, sobre a privatização/ terceirização de escolas na rede municipal, se seguiria o modelo feito pelo governo estadual. A deputada disse que pretende comprar vagas em creches para acabar com a fila de espera.

Ney pergunta para Requião sobre a gestão municipal e a “cracolândia” curitibana, a partir de sua experiência. O ex-governador apontou as contradições nas candidaturas de Ducci e Pimentel, além de terem “fugido dos debates” promovidos pelo Plural e pela PUCPR.

Requião questiona Cristina sobre a situação de Curitiba e o que é mostrado na propaganda da situação. Falaram sobre a destinação do fundo partidário e sobre o caso do servidor coagido. Maria Victoria devolveu a pergunta para Andrea sobre os radares em Curitiba, proposta de sua campanha que ganhou repercussão entre as outras candidaturas nas últimas semanas, e sobre o EstaR de 30 minutos na região central.

Ducci indagou Luizão sobre a gestão da saúde municipal. Ducci prometeu reforçar o programa Mãe Curitibana e a abrir mais concursos para servidores, não só na saúde. Luizão quer investir mais na atenção básica, consultas e exames especializados.

Segundo bloco

Andrea começa perguntando para Pimentel, com tema sorteado: população em situação de rua. Pimentel, que havia pedido direito de resposta sobre a citação feita por Cristina no bloco anterior, indeferido pela emissora, abriu falando sobre o assunto dizendo que o servidor envolvido na coação foi exonerado da prefeitura, e que seria um caso isolado. Pimentel pergunta para Luizão sobre tarifa do transporte.

“A prática é o critério da verdade”, entoou Requião por algumas vezes durante o debate.

Pavimentação de ruas: Ney pergunta para Ducci, abordando propostas de ambas as candidaturas. Cristina perguntou para Requião sobre prevenção de enchentes, voltando a criticar a postura e gestão da situação, representadas por Pimentel. E Ducci questionou Maria Victoria sobre suas propostas sobre os radares de trânsito.

Luizão questiona Andrea sobre proteção animal, que apontou a inusitada “disputa” entre qual candidato seria mais bolsonarista, destacando o negacionismo do ex-presidente. Na sequência, Maria debateu com Cristina o tema creches.

Eduardo Pimentel rebate Cristina Graeml: “O mundo não gira ao seu redor”

Terceiro e quarto blocos

Torcidas em frente à RPC TV

Voltando às perguntas com temas livres, o bloco foi iniciado por Maria Victoria indagando Eduardo Pimentel sobre gestão da saúde e consultas especializadas. Requião escolheu Cristina para debater a campanha eleitoral, chamada de “circo” com “respostas decoradas” entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas.

Luizão debateu habitação e ocupações irregulares com Maria. Cristina perguntou a Ducci, retomando o tema da denúncia contra a campanha de Pimentel no caso do servidor afastado, e alfinetou o candidato do PSB por ter apoio do governo Lula. Ducci, por sua vez, defendeu a aliança de sua campanha (que inclui PT, PC do B e PV), e mencionou o vice de Cristina, Jairo Filho, que seria acusado de estelionato.

Ducci elegeu Ney para debater saúde, com foco na urgência e emergência, e a população curitibana “que muitas vezes precisa buscar hospitais da região metropolitana, como o Rocio e o Angelina Caron”. Falaram também sobre a criação de novas UPAs.

Andrea perguntou a Pimentel sobre habitação e construção de moradias populares, em que o candidato destacou o novo bairro da Caximba, 15 mil habitações construídas e 15 mil regularizações fundiárias, além do projeto de aluguel social para as faixas 1 e 2 da Cohab. A professora, por sua vez, apontou o déficit de 60 mil pessoas na fila da Cohab e os 110 mil imóveis desocupados em Curitiba, com proposta de redução de IPTU nos imóveis que forem colocados para aluguel social.

Oito candidatos à Prefeitura de Curitiba no debate da RPC — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Foto: Giuliano Gomes/PR Press

Pimentel escolheu Luizão para debaterem seus planos de governo em pontos como o atendimento à população idosa, lazer e esportes. Ney chamou Ducci para explicar como será sua gestão, dividindo as secretarias entre seus partidos aliados e o comparando ao ex-prefeito Fruet. Como resposta, o médico destacou seu curriculo, sua passagem por Brasília disse que “não é como Fruet” e que suas secretarias serão ocupadas por quadros técnicos.

Um momento curioso foi quando Andrea Caldas analisou o debate até ali. “Está muito engraçado, porque parece que tem uma disputa pra saber quem é o mais bolsonarista, aquele presidente felizmente inelegível, negacionista da ciência, da vacina, da questão climática. Mas tem outra competição que estou achando mais interessante: candidatos de direita, que sempre atacaram o serviço público, viraram os maiores defensores dos funcionários públicos. Então está tudo muito estranho nesse debate”, criticou.

No último bloco, Cristina teve deferido pela RPC o direito de resposta sobre a acusação citada por Ducci a seu candidato a vice. Ela defendeu Jairo Filho, dizendo que ele não responde a nenhum processo por estelionato ou golpe financeiro e acusou Ducci de calúnia. O candidato do PSB se retratou na sequência, usando o fato de ser médico para justificar uma suposta confusão entre os termos “acusado” e “denunciado”. Mas insistiu para os eleitores “darem um Google” no nome do candidato a vice da adversária para saber seu “histórico”, as acusações que pesariam contra ele.

Foram poucos os destaques nesse bloco, que se seguiu às considerações finais dos 8 candidatos. Poucos também foram os confrontos diretos entre os três candidatos que aparecem liderando as pesquisas (Pimentel, Ducci e Ney) e, salvo engano, nenhum debate entre Pimentel e Ney. Requião e Cristina aproveitaram o tempo para se apresentarem ao eleitor, já que ambos não têm tempo no horário eleitoral gratuito de rádio e TV, e criticarem as “negociatas partidárias”. Já Andrea, Maria Victoria e Luizão foram os candidatos com perfil mais técnico e propositivo neste debate, sem desviarem do que apregoam em suas campanhas.

Que haverá segundo turno em Curitiba, já é algo esperado: dificilmente um dos candidatos baterá os 50% +1 votos válidos para liquidar a eleição neste domingo. Resta saber quem será a dupla que disputará o Palácio 29 de Março.

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