Por André Nunes com informações do Bem Paraná – A RPC TV realizou na noite desta quinta-feira (3) o último debate com candidatos à prefeitura de Curitiba antes do primeiro turno, neste domingo (6). Foram convidados pela emissora e estiveram presentes oito candidatos: Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB), Ney Leprevost (União), Roberto Requião (Mobiliza), Cristina Graeml (PMB), Luizão Goulart (Solidariedade), Maria Victoria (PP) e Andrea Caldas (PSOL).
Os bastidores na redação da RPC começaram agitados, com torcidas dos candidatos balançando bandeiras e entoando palavras de ordem nas ruas ao redor da TV. Requião foi o primeiro candidato a chegar; o último foi Ducci, pouco depois de Leprevost, que chegou exaltado: um episódio na rua de entrada da emissora o tirou do sério, aparentemente uma tentativa de atirarem algo em sua direção, que teria partido da torcida de Pimentel. Perguntado sobre isso, o atual vice-prefeito se disse tranquilo e que iria “responder cada ataque com uma proposta”.
O clima era de camaradagem entre Requião, Andrea Caldas e suas equipes, também com Goura (PDT), candidato a vice na chapa de Ducci. Já Cristina Graeml celebrou estar em seu primeiro debate televisivo: não foi convidada para o debate na RICTV, e foi desconvidada na chegada ao primeiro debate na TV Band.
Maria Victoria e Luizão ficaram em “baias” lado a lado na redação e demonstravam tranquilidade antes do debate. A candidata veio acompanhada pelo marido, e o ex-prefeito de Pinhais estava com seu candidato a vice, Tiago Chico (Solidariedade). A ex-governadora Cida Borghetti e o secretário estadual Ricardo Barros acompanhavam a filha – Cida circulou na redação cumprimentando a todos com simpatia.
Primeiro bloco
Pimentel perguntou para Ducci sobre transporte coletivo e renovação da concessão em 2025, que defendeu o projeto do metrô, feito em sua gestão e engavetado no mandato de Gustavo Fruet. Criticou o aumento da tarifa que viria com a maior adesão a ônibus elétricos, proposta apontada por Pimentel.
Luizão fez pergunta para Pimentel sobre as promessas de campanha de 2020, quando retirou sua candidatura “a pedido do governador Ratinho Junior“, como a revitalização do Centro e a população em situação de rua. Luizão enfatizou seus bons resultados e avaliação popular como prefeito de Pinhais, dizendo que cumpriu todas as promessas de campanha. Pimentel refutou o levantamento do G1, que apontou o cumprimento de apenas 22% das promessas (e 25% parcialmente) da campanha de Rafael Greca em 2020, dizendo que, se for analisado todo o plano de governo, seriam 80% as promessas cumpridas.
Cristina Graeml pergunta para Ney Leprevost sobre o caso de denúncia de um servidor coagido a doar para a campanha de Pimentel. Ney repudiou o caso, mas não seguiu no tom de Cristina e foi mais ameno. Por sua vez, ela os chamou de “compadres na política”. Na sequência, Andrea Caldas perguntou para Maria Victoria, sobre a privatização/ terceirização de escolas na rede municipal, se seguiria o modelo feito pelo governo estadual. A deputada disse que pretende comprar vagas em creches para acabar com a fila de espera.
Ney pergunta para Requião sobre a gestão municipal e a “cracolândia” curitibana, a partir de sua experiência. O ex-governador apontou as contradições nas candidaturas de Ducci e Pimentel, além de terem “fugido dos debates” promovidos pelo Plural e pela PUCPR.
Requião questiona Cristina sobre a situação de Curitiba e o que é mostrado na propaganda da situação. Falaram sobre a destinação do fundo partidário e sobre o caso do servidor coagido. Maria Victoria devolveu a pergunta para Andrea sobre os radares em Curitiba, proposta de sua campanha que ganhou repercussão entre as outras candidaturas nas últimas semanas, e sobre o EstaR de 30 minutos na região central.
Ducci indagou Luizão sobre a gestão da saúde municipal. Ducci prometeu reforçar o programa Mãe Curitibana e a abrir mais concursos para servidores, não só na saúde. Luizão quer investir mais na atenção básica, consultas e exames especializados.
Segundo bloco
Andrea começa perguntando para Pimentel, com tema sorteado: população em situação de rua. Pimentel, que havia pedido direito de resposta sobre a citação feita por Cristina no bloco anterior, indeferido pela emissora, abriu falando sobre o assunto dizendo que o servidor envolvido na coação foi exonerado da prefeitura, e que seria um caso isolado. Pimentel pergunta para Luizão sobre tarifa do transporte.
“A prática é o critério da verdade”, entoou Requião por algumas vezes durante o debate.
Pavimentação de ruas: Ney pergunta para Ducci, abordando propostas de ambas as candidaturas. Cristina perguntou para Requião sobre prevenção de enchentes, voltando a criticar a postura e gestão da situação, representadas por Pimentel. E Ducci questionou Maria Victoria sobre suas propostas sobre os radares de trânsito.
Luizão questiona Andrea sobre proteção animal, que apontou a inusitada “disputa” entre qual candidato seria mais bolsonarista, destacando o negacionismo do ex-presidente. Na sequência, Maria debateu com Cristina o tema creches.
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Terceiro e quarto blocos
Voltando às perguntas com temas livres, o bloco foi iniciado por Maria Victoria indagando Eduardo Pimentel sobre gestão da saúde e consultas especializadas. Requião escolheu Cristina para debater a campanha eleitoral, chamada de “circo” com “respostas decoradas” entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas.
Luizão debateu habitação e ocupações irregulares com Maria. Cristina perguntou a Ducci, retomando o tema da denúncia contra a campanha de Pimentel no caso do servidor afastado, e alfinetou o candidato do PSB por ter apoio do governo Lula. Ducci, por sua vez, defendeu a aliança de sua campanha (que inclui PT, PC do B e PV), e mencionou o vice de Cristina, Jairo Filho, que seria acusado de estelionato.
Ducci elegeu Ney para debater saúde, com foco na urgência e emergência, e a população curitibana “que muitas vezes precisa buscar hospitais da região metropolitana, como o Rocio e o Angelina Caron”. Falaram também sobre a criação de novas UPAs.
Andrea perguntou a Pimentel sobre habitação e construção de moradias populares, em que o candidato destacou o novo bairro da Caximba, 15 mil habitações construídas e 15 mil regularizações fundiárias, além do projeto de aluguel social para as faixas 1 e 2 da Cohab. A professora, por sua vez, apontou o déficit de 60 mil pessoas na fila da Cohab e os 110 mil imóveis desocupados em Curitiba, com proposta de redução de IPTU nos imóveis que forem colocados para aluguel social.
Pimentel escolheu Luizão para debaterem seus planos de governo em pontos como o atendimento à população idosa, lazer e esportes. Ney chamou Ducci para explicar como será sua gestão, dividindo as secretarias entre seus partidos aliados e o comparando ao ex-prefeito Fruet. Como resposta, o médico destacou seu curriculo, sua passagem por Brasília disse que “não é como Fruet” e que suas secretarias serão ocupadas por quadros técnicos.
Um momento curioso foi quando Andrea Caldas analisou o debate até ali. “Está muito engraçado, porque parece que tem uma disputa pra saber quem é o mais bolsonarista, aquele presidente felizmente inelegível, negacionista da ciência, da vacina, da questão climática. Mas tem outra competição que estou achando mais interessante: candidatos de direita, que sempre atacaram o serviço público, viraram os maiores defensores dos funcionários públicos. Então está tudo muito estranho nesse debate”, criticou.
No último bloco, Cristina teve deferido pela RPC o direito de resposta sobre a acusação citada por Ducci a seu candidato a vice. Ela defendeu Jairo Filho, dizendo que ele não responde a nenhum processo por estelionato ou golpe financeiro e acusou Ducci de calúnia. O candidato do PSB se retratou na sequência, usando o fato de ser médico para justificar uma suposta confusão entre os termos “acusado” e “denunciado”. Mas insistiu para os eleitores “darem um Google” no nome do candidato a vice da adversária para saber seu “histórico”, as acusações que pesariam contra ele.
Foram poucos os destaques nesse bloco, que se seguiu às considerações finais dos 8 candidatos. Poucos também foram os confrontos diretos entre os três candidatos que aparecem liderando as pesquisas (Pimentel, Ducci e Ney) e, salvo engano, nenhum debate entre Pimentel e Ney. Requião e Cristina aproveitaram o tempo para se apresentarem ao eleitor, já que ambos não têm tempo no horário eleitoral gratuito de rádio e TV, e criticarem as “negociatas partidárias”. Já Andrea, Maria Victoria e Luizão foram os candidatos com perfil mais técnico e propositivo neste debate, sem desviarem do que apregoam em suas campanhas.
Que haverá segundo turno em Curitiba, já é algo esperado: dificilmente um dos candidatos baterá os 50% +1 votos válidos para liquidar a eleição neste domingo. Resta saber quem será a dupla que disputará o Palácio 29 de Março.