Dissertação de Comunicação defendida no PPGCOM-UFPR buscou verificar e compreender se e como a desmaterialização do jornal, em 2017, alterou a cobertura da editoria, afetando o setor educacional em Curitiba
PPGCOM-UFPR
O jornalista e comunicador social André Nunes, da Linha 1 do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM-UFPR), defendeu na última sexta-feira (3) a dissertação “A cobertura da editoria de Educação diante da migração para uma plataforma jornalística digital: o caso do jornal Gazeta do Povo (PR)”. O trabalho contou com a orientação da professora Myrian Regina Del Vecchio de Lima e teve como objetivo principal verificar e compreender se e como o fim da edição impressa da Gazeta do Povo alterou a cobertura da editoria, afetando o setor educacional em Curitiba.
LEVANTAMENTO E ENTREVISTAS
O percurso metodológico contou com levantamento quantitativo de 309 produções do jornal no período de dezembro de 2016 a dezembro de 2017, e ainda a realização de entrevistas semiestruturadas com seis informantes qualificados do segmento educacional público e privado (patronal e de professores), além de sete entrevistas com jornalistas (repórteres e editores) que atuaram na editoria no período pesquisado.
De acordo com os resultados encontrados por André Nunes, destaca-se que os efeitos da mudança de cobertura foram e ainda são sentidos, nos últimos cinco anos, pelos representantes educacionais entrevistados, principalmente pela ausência de um espaço na mídia local para veiculação de suas pautas de interesse.
VALORIZAR A EDUCAÇÃO
Sobre a escolha do tema, o mestrando ressalta a “necessidade de valorizar e apoiar a divulgação e o debate público na área de Educação e seus desafios, tarefas do Jornalismo em geral, além da necessidade de entender como as instituições sociais e seus atores, de uma cidade ou região, não podem prescindir de espaços que construam formas de debate e fundamentação de práticas educacionais”. Nunes acrescenta ainda que “diante da representatividade e importância histórica local e estadual com mais de 100 anos, justifica-se a escolha da Gazeta do Povo para esta pesquisa”.
Banca de defesa de dissertação: André de Freitas Nunes
Título: A cobertura da editoria de Educação diante da migração para uma plataforma jornalística digital: o caso do jornal Gazeta do Povo (PR).
Banca avaliadora:
Myrian Regina Del Vecchio de Lima (orientadora)
José Carlos Fernandes (membro interno – PPGCOM/UFPR)
Paula Melani Rocha (membro externo – UEPG)
AGRADECIMENTOS
Por André Nunes
Dedico minha dissertação à minha esposa Paula, companheira e incentivadora de todas as horas, sem a qual não teria conseguido realizar esta pesquisa. Pela paciência, amor e carinho com que viveu cada momento do mestrado ao meu lado desde a seleção, feita em 2019 enquanto a gente organizava nosso casamento. Te amo muito!
Também dedico à memória das minhas avós Porfiria e Ignez, que fizeram a grande viagem no decorrer deste mestrado. Aos meus avôs (in memoriam) Afonso e João, cujo legado de trabalho e dedicação busco levar adiante.
À minha família, sem a qual não teria chegado até aqui. Aos meus pais, Jadir e Iracema, pelos anos de amor, educação e dedicação em formar o homem que sou hoje. Pelo eterno incentivo ao meu desenvolvimento pessoal e profissional. Amo vocês!
A jornada pela pós-graduação strictu sensu dificilmente é sem percalços, mas a turma iniciada em março de 2020 foi a primeira – e esperamos que seja a última – a passar por todos os semestres de aulas, oficinas, bancas, grupos de pesquisas e orientações de forma remota, devido à pandemia. Outras turmas também foram impactadas, mas só a turma 2020 vivenciou toda a experiência do mestrado dentro desse “novo normal”, sem se conhecer pessoalmente. Não foi fácil. Todo o agradecimento aos colegas e professores que nos ajudaram nesse caminho. Nós vencemos!
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPR por ter acreditado na minha pesquisa, no processo de seleção, e pelo apoio nas horas de incertezas e prorrogações de prazos.
À professora Myrian Del Vecchio de Lima, pela orientação segura e eficaz com que que me guiou por essa jornada na dissertação e no Grupo Click. Obrigado pelos conselhos e direcionamentos em toda a pesquisa. Merci pour tout!
Ao professor José Carlos Fernandes, que me acompanha desde a graduação, pelo apoio e incentivo. Zeca, obrigado pelas horas de conversas, dicas de leituras, participação na banca, qualificação e seminário.
À professora Paula Melani Rocha, da UEPG, que gentilmente aceitou fazer parte desta banca examinadora, pelas contribuições à pesquisa desde a qualificação.
Ao professor Aroldo Murá Gomes Haygert, mestre do jornalismo e da memória paranaense, com quem tenho a honra de trabalhar e aprender desde 2014.
Às jornalistas Marisa Valerio e Aline Cambuy, diretoras da Talk Comunicação, por toda a compreensão e auxílio na logística em conciliar trabalho e rotina do mestrado. Agradeço também à parceria do colega jornalista Rodrigo de Lorenzi.
Ao amigo jornalista Diego Antonelli, que me incentivou desde o início do mestrado.
A todos vocês, meu muito obrigado!
INDAGAR PARA SER
Por Aroldo M. G. Haygert, jornalista
André Nunes não surpreende os que o conhecem. Faz parte de uma geração de novos jornalistas gestados pela universidade paranaense para enfrentar tempos difíceis. Annus terribilis. A começar pelo grande choque que ainda vivemos, o da Curitiba sem ter pelo menos um grande veículo de imprensa que represente a cidade, seus anseios, suas dúvidas metódicas, seus projetos e reflita o dia a dia da urbe.
O cotidiano de André é bem diferente daquele em que me lancei no jornalismo e na universidade, em 1960. Nos meus tempos de “bagre”, nos alimentávamos de Esperança. Mas ele não enxerga grandes horizontes à frente, e tem de driblar a aridez de um tempo em que a inflação (que ele não chegou a conhecer, como as dos dias de Sarney) vai se impondo, processo impiedoso que fere sobretudo os “anawins”, os pobres entre os mais pobres, como os identificam as Escrituras veterotestamentárias.
Por vezes impetuoso além da conta – o que atribuo a essas limitadas perspectivas da carreira -, o bom é que é fundamentalmente um indagador; um questionador, uma testemunha privilegiada do dia a dia incerto. Trabalha bastante, posso testemunhar. Às vezes, o inquieto André revela a dimensão do cristão, ao clamar por justiça num universo cego e surdo diante de um mundo de “surpresas” nas relações humanas.
Sem carolices, distante de radicalismos, André vai montando seu lar cristão, com a rara figura humana que é a esposa, Paula, mulher que se impõe numa sociedade machista, racista, homofóbica e que odeia a pobreza material. Doutora em Farmácia, Paula é a apropriada outra metade de André. Que vivam 100 anos – “stolat” dos poloneses.
Por fim, é preciso enfatizar: a dissertação de Mestrado de André, na UFPR, é novo sinal de alerta, tratando do “pão vital”, a Educação que vai descendo cada vez mais na lista das prioridades de Curitiba, que alguns querem circunscrever a adornos e miçangas de uma “cidade bem cuidada”…
Panis et circensis, pois!
Salve o André Nunes.