Robson Luiz Rodrigues de Lima responde ao poeta Ivan Justen, que na coluna de 25 de novembro, teve acolhida críticas a observações dele (Robson) sobre a literatura paranaense, sua importância, seus nomes valiosos. A seguir:
Em outro momento o senhor Ivan afirma que: “Há mais um exagero no artigo de Robson, ao falar do Modernismo brasileiro e alardear que o Paraná teria antecipado a Semana de 1922.” (grifo meu). Mais uma vez, afirmo ao senhor Ivan que não há exagero. Há estudo. Para o conhecimento de todos, em 1913, em acalorado discurso no Clube Curitibano, Ciro Silva e o grande Euclides Bandeira proclamaram a “independência ideológica do Estado do Paraná”. A ideia era romper com todas as tradições artísticas e criar o novo. Eles ainda não sabiam muito bem o que seria o novo. Mas nós, amantes da literatura, sabemos o que era esse novo, essa ruptura. Tenho certeza de que o senhor Ivan também sabe: os ventos do modernismo. Creio que podemos desculpá-los por não esperarem terminar o Simbolismo, não é? Também creio que podemos desculpá-los por não esperarem a chegada de Mário de Andrade e dos demais. Intelectuais não esperam. São inquietos por natureza.
Outra questão interessante de salientar é que o senhor Ivan fez recortes bastante tendenciosos do meu artigo. Quando eu falei sobre o modernismo eu disse: “É preciso que se diga, também, e agora vem a heresia anunciada no primeiro parágrafo, que o modernismo brasileiro e a famosa semana de 22 tiveram sua nascente na terra dos pinheirais, por volta de 1913…” (SIC).
Como os leitores podem ver, eu disse que seria uma heresia, pois foge ao lugar comum dos manuais de literatura e também disse que era apenas uma “nascente”. A nascente do nosso querido rio Iguaçu, entre Curitiba e São José dos Pinhais, não sabe o que é Itaipu.
Meu artigo versa sobre a luz, a sombra, o brilho e em relação a isso o senhor Ivan afirma que: “Só que para leitores atentos – e pesquisadores que se aprofundem mesmo – o brilho e a qualidade de Leminski, Trevisan e Tezza não ofuscam os de Helena Kolody, Dario Vellozo, Silveira Neto, Adolpho Werneck, Jamil Snege, por exemplo, mesmo que esses não tenham sido festejados nacionalmente.” (grifo meu). Eu não sei o quanto o senhor Ivan viajou por esse país, pela América Latina e pelo mundo, mas sou obrigado a discordar dele. Ninguém conhece Helena Kolody, Dario Vellozo, Silveira Neto e Adolpho Werneck fora do nosso Estado… Infelizmente… Alguns professores universitários, talvez… Jamil Snege já é mais conhecido, mas, mesmo com a qualidade de sua obra, ele ainda não tem o destaque nacional que merece. Por isso, senhor Ivan, é que participei de um Festival Internacional de Literatura para lançar luz a tantos talentos eclipsados em nosso Estado.
O senhor Ivan finaliza sua análise dizendo, entre outras coisas: “é importante a leitores e sobretudo a críticos e pesquisadores manter uma visão equilibrada, e não delirarem superinterpretações sem correspondência com o que pode ser conferido em leituras rigorosas.” (SIC), (grifo meu).
Reparem que o senhor Ivan pede equilíbrio, mas perde toda a compostura e afirma que eu deliro, zomba, sem me conhecer, do rigor de minhas leituras e, para a minha surpresa, finaliza a sua análise com uma frase que revela, além do claro desdém pelo trabalho alheio, um chavão nada compatível com rigorosas leituras: “Porque tiros de festim podem às vezes resultar em cartuchos queimados saindo pela culatra” (grifo meu). Com todo o respeito, caro senhor, eu não dou tiros.
(PROSSEGUE)