sexta-feira, 11 outubro, 2024
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Guerras do legionário de França Rafael Museka

(Trechos do perfil de Rafael Museka, personagem da “Nova Geração” do “Vozes do Paraná 7”, com lançamento marcado para o dia 10 de setembro, na EBS Business School (Rua Visconde de Guarapuava, 2176).

Quantos jovens, brasileiros ou não, podem contabilizar em suas histórias de vida terem lutado no Afeganistão contra grupos terroristas do Talibã, enfrentado guerrilhas no Mali e insurgentes em Djibuti e sabe lá em que outros territórios – Guiana Francesa, quem sabe? Ou mesmo terem estado em missões humanitárias em países do Oriente e, às vezes, sendo lançados, no breu da noite, em territórios desconhecidos como paraquedistas sobre cidades sitiadas, às quais teriam de reconquistar? Caindo em terra, sendo guiados basicamente por um ou dois líderes e um GPS, destruindo – literalmente – bunkers incrustados em prédios tomados por terroristas?

Pois Rafael Antonio Museka, 24 anos, paranaense nascido e criado em assentamentos do MST, em Nova Laranjeira, e em Rio Bonito do Iguaçu, Sudoeste do Estado, viveu, por dois anos e meio, essas e muitas outras experiências, de 2012 ao final de 2014. E até outras de maior porte, como membro da Legião Estrangeira (Legion Etrangère), a lendária tropa de elite da França, cuja existência preenche até hoje o imaginário dos leitores de histórias heroicas, famosa pelas lutas em África, muitas delas na Argélia, e ações mundo afora. Foi formada basicamente por foras da lei, a maioria de estrangeiros em busca de nova identidade, sob a proteção de França.

E onde pode ser encontrado esse jovem especial, dono de uma história de vida impressionante? Está sempre dirigindo um taxi em Curitiba, enquanto se prepara para vestibular de Engenharia de Computação. Ele, bom em Matemática, sabe que o táxi é uma espécie de rito de passagem em sua vida.

2 -A MORTE DE PERTO

Museka viu a morte de perto? Matou ou quase foi morto em ação? Nomes das cidades e países em que lutou e sob que justificativas? Houve sequestro de terroristas e/ou líderes políticos de que participou? As perguntas ficam quase sempre com raquíticas respostas. Ou respostas sem detalhes. As fotos e documentos que o identificam como soldado da Legião bastam – é o que parece dizer. E ele os exibe com orgulho visível, com desenvoltura, em arquivos digitais e álbuns com centenas de fotos.

3 – LEGIÃO HOJE

A realidade da Legião de hoje é bem o contrário da organização militar no século 19 e maior parte do século 20, que então aceitava todo tipo de homens dispostos a lutar. O que incluía aceitar fugitivos da justiça, condenados ou acusados de variados crimes, vindos de qualquer canto do mundo, e que podiam ganhar nova identidade civil. Situação que não mais é da Legião dos dias de hoje, com as mudanças operadas a partir dos anos 1990.

4 -A LEGIÃO HOJE

A Legião não aceita franceses, só estrangeiros. “Agora, o legionário ganha um novo nome só por curto período, ao entrar na Legião. Eu virei, por alguns meses, Yuri Marthenko”, explica Rafael. Depois voltou a ser tratado pelo nome e sobrenome oficiais.

Ficha limpíssima, o paranaense foi também – como todos os legionários de hoje – escrutinado pela Interpol ao entrar para os primeiros exercícios no quartel da Legião, em Castlenaudary, nas proximidades de Paris. Lá é a porta de entrada para a Legião, com três meses de testes e duros exercícios.

A Interpol se assegura dos bons antecedentes do candidato. O que não inclui investigar, por exemplo, se o candidato a legionário tem dívidas em sua terra de origem, assunto que não interessa à Legião, nem se deve, por exemplo, pensão alimentícia ou de divórcio.

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