Assessoria – Um grupo de estudantes do quarto ano do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), de Curitiba, desenvolveu um projeto para orientar profissionais de saúde na realização de atendimento mais humanizado às pessoas com deficiência visual. Descrever movimentos e procedimentos e conversar diretamente com o paciente, em vez de recorrer ao acompanhante, são algumas das recomendações feitas no documento.
Realizado em parceria com o Instituto Paranaense de Cegos (IPC), o projeto tem três frentes. Além da cartilha, os alunos também conduziram uma pesquisa de satisfação com os moradores do IPC e organizaram uma caminhada sensorial no campus sede da UP. De acordo com a professora responsável pela iniciativa, Paula Michelon Toledo, o planejamento surgiu a partir de uma conversa com os moradores do IPC para identificar suas principais queixas durante o atendimento médico. “Ao entender as dificuldades que um deficiente visual enfrenta durante uma consulta médica, os alunos desenvolveram a cartilha com dicas simples e efetivas, com o objetivo de facilitar a vida desses pacientes e tornar o atendimento mais assertivo”, detalha.
Embora os residentes do IPC contem com uma boa infraestrutura, os estudantes identificaram que a comunicação no atendimento médico poderia ser aprimorada. “Uma das principais reclamações dos deficientes visuais durante uma consulta é a falta de uma comunicação direta do profissional de saúde com o paciente. Geralmente o médico conversa somente com o acompanhante e esquece de reconhecer a presença do deficiente visual, sem se identificar ou falar diretamente com ele”, explica Julia Meneguelli Goes, estudante de Medicina da UP e uma das alunas responsáveis pelo desenvolvimento da cartilha.
O projeto de extensão faz parte da disciplina de participação comunitária e controle social, que tem como objetivo ensinar, na prática, novas formas de humanizar, cada vez mais, o atendimento realizado aos pacientes desses futuros médicos.
Outra parte importante do projeto, a caminhada sensorial foi idealizada após uma visita ao IPC, quando os estudantes perceberam que os moradores gostam de fazer caminhadas e atividades físicas. “Uma das ideias do projeto era criar alguma atividade que una a saúde mental com a ativação do metabolismo. Foi dessa forma que chegamos à caminhada sensorial, pensando no bem-estar dos pacientes”, conta Matheus Pimpão Silva, outro dos alunos responsáveis pelo projeto. Ele explica que as caminhadas serão semanais e sempre acompanhadas de um guia.
O projeto está apenas em seus primeiros meses, mas já apresenta impacto positivo. De acordo com a enfermeira e responsável técnica do IPC, Padwa Cristina, a cartilha está sendo fundamental para os atendimentos médicos externos dos moradores do instituto. O mesmo vale para a pesquisa de satisfação realizada pelos estudantes. “Nós solicitamos essa pesquisa porque sabemos da dificuldade dos moradores poderem expressar os problemas que enfrentam aqui dentro. Nossa meta é sempre melhorar o ambiente para que eles se sintam o mais confortáveis possível”, aponta. A aluna que coordenou a pesquisa de satisfação, Yasmin Rossoni, explica que a ideia da pesquisa surgiu a partir da preocupação com a saúde mental dos moradores do IPC, que não tinham um canal específico para dar esse feedback sobre as condições oferecidas pelo instituto.
Segundo os responsáveis pelo projeto, a cartilha está presente em unidades básicas de saúde das cidades paranaenses de Curitiba, Campo Largo e Ponta Grossa, com o potencial de aprimorar o atendimento dos profissionais de saúde desses municípios aos deficientes visuais. Para mais informações sobre o projeto e o IPC, basta acessar o site do instituto.