José Carlos Fernandes e Dante Mendonça estão com livros sobre a galeria que foi um centro de efervescência cultural e, ao mesmo tempo, abrigou uma multidão heterogênea de criadores de várias artes. Um deles, é bom lembrar, o Frans Kracberg, que depois se tornaria artista plástico de dimensão internacional
Poucas vezes percebi em Curitiba, nos meus longos anos de vivência com as realidade culturais da cidade, algo como o que observo agora: uma galeria de artes, a Cocaco – nascida no começo dos 1950 – sendo objeto de atenções especiais de cronistas de primeiro time – Dante Mendonça e José Carlos (Zeca) Fernandes.
Os dois, donos de uma multidão de leitores por meio de jornais e revistas, lançam-se nesse projeto sem patrocínios, de alta dimensão: mostrar para os de hoje o que foi e a importância que assumiu em Curitiba aquele espaço. Dante o retrata nas páginas de “Rua e a Bruma, a Régua e o Compasso”; trata-se de romance histórico, incluindo também a ligação do espaço da Rua Ébano Pereira com a grande revolução urbana que Jaime Lerner gerou aqui, nos anos 1970.
Zeca Fernandes, que vai-se consolidando como memorialista da cidade – em que são essenciais, além de Dante, Maí Nascimento Mendonça, Luiz Julio Zaruch e Jaime Lechinski, Luiz Geraldo Mazza – lança hoje, 30, no final da tarde o seu livro “Um lugar chamado Cocaco”, com mesa redonda.
CLETO, GRANDE FONTE
Não sei se o Zeca Fernandes convidou o Cleto de Assis. Ele foi um dos primeiros expositores de “grande fôlego” e carreira de artista plástico ampla, a expor na fase da Cocaco já sob propriedade de Eugênia. Dele me chega mensagem sobre minhas observações escritas para o livro do Dante.
Enorme repercussão: meu texto fora enviado ao Dante a título de informações para serem aproveitadas na obra. Elas deveriam simplesmente subsidiar o escritor. Romancista irretocável. Lembram-se de “Maria Batalhão”?
Dante, velho amigo de minha admiração, junto com Maí – causou-me a surpresa: apresentou meu texto “in totum”.
VALOR HISTÓRICO
Opinião de Cleto de Assis:
Aroldo, agradeço a menção de meu nome em seu artigo sobre a Cocaco.
Aliás, de grande valor histórico, graças à sua memória e ao contexto em que colocou a pequena galeria de arte fundada pelo nosso comum amigo Ennio Marques Ferreira e continuada, por muitos anos, pela família da Eugênia Petrius.
Aquela simples porta, transformada em uma minúscula loja (plantada na Rua Ébano Pereira, na mesma quadra onde a Biblioteca Pública do Paraná já havia erguido um dos mais fortes QGs do conhecimento de Curitiba) uniu artistas de várias gerações, que criaram o vício sadio de ali se encontrar nos fins de tarde, antes de atravessarem a rua para um happy hour regado a cultura, em um bar do qual não guardei o nome.
Mas a trilha não terminava lá: era costume a ida à BP, para prosseguirmos no desvelamento dos encantadores mistérios da Arte, na seção de Belas Artes, então zelada cuidadosamente pela querida Déa Reichmann, também artista plástica saída da Embap.
Para seu acervo, envio uma foto que guardo com carinho, registrada em minha exposição de joias na Cocaco, no início da década de 1960, ao lado de Eugênia (segunda da direita para a esquerda).
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