Redação e assessoria – Um dos orixás femininos mais populares das religiões de matriz africana, Iemanjá é conhecida como a divindade dos mares e protetora dos marinheiros. De acordo o sacerdote de Umbanda e criador da primeira plataforma de ensino sobre a religião, Rodrigo Queiroz, Iemanjá “é a vida propriamente, é a geração e o ventre de Deus”. No livro “Umbanda para iniciantes”, ele apresenta e descreve a entidade.
Dia 2 de fevereiro é dia de festa no mar, como cantou Dorival Caymmi, em sua célebre homenagem à Iemanjá. Embora a divindade seja cultuada em diferentes épocas do ano pelo Brasil conforme as tradições locais, é nesta data que ela recebe as reverências mais famosas, sobretudo em Salvador, quando uma multidão de pessoas se dirige ao Bairro Rio Vermelho para enviar suas oferendas à Rainha do Mar.
Curiosidades históricas
Com mais de 20 anos de pesquisa sobre Iemanjá, o babalorixá do Candomblé Casa das Águas, Armando Vallado, que é doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, tem se debruçado sobre a história dela e ajudado a entendê-la melhor, com os livros “Iemanjá, a grande mãe africana do Brasil” e “Iemanjá: mãe dos peixes, dos deuses, dos seres humanos”, ambos da editora Pallas.

“O culto de Iemanjá foi trazido para o Brasil pelos povos de origem iorubá, em fins do século 18 até quase metade do século 19. Na África, Iemanjá é divindade das águas doces, cultuada à beira do Rio Ogum. No Brasil, o culto transferiu-se para o mar, visto que rios e cachoeiras foram atribuídos a Oxum.”
Segundo o autor, a sincretização ocorre de maneira diversificada ao longo do território brasileiro, já que cada região cultua Nossa Senhora de uma maneira particular (em São Paulo e no Recife, por exemplo, Iemanjá foi fortemente associada à Nossa Senhora da Conceição e, por isso, é homenageada em 8 de dezembro). “Em Salvador, ela é ligada à Nossa Senhora das Candeias, celebrada em 2 de fevereiro. Daí a festa mais antiga em louvor a Iemanjá no Brasil ocorrer justamente nessa data. Esta cerimônia encerra um ciclo de celebrações que começa em 4 de dezembro com a Festa de Iansã (sincretizada com Santa Barbara), seguida por Oxum em 8 de dezembro (associada à Nossa Senhora Conceição).”
“O nome Iemanjá ( Yeye omo ejá , mãe dos filhos peixes) nos conduz à função materna e também como divindade protetora da pesca. Mas ela também aparece como guerreira e amante em outros mitos. No Brasil, ganhou a posição de grande mãe, perdendo as demais características, principalmente por conta de seu sincretismo com a Virgem Maria.”
15 de novembro
No Brasil, o dia 15 de novembro é lembrado pelo feriado da Proclamação da República. Mas, para os umbandistas, a data tem outro significado expressivo. Neste dia, em 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se manifestou em Zélio Fernandino de Moraes pela primeira vez, dando origem a religião que soma mais de 4,2 milhões de praticantes, segundo pesquisa Datafolha, publicada em 2020.

Com o objetivo de levar ao público geral informação, conhecimentos e práticas sobre a manifestação religiosa, Rodrigo Queiroz, fundador e presidente do Instituto Cultural Aruanda, lança Umbanda para iniciante. Publicada pela Citadel Grupo Editorial, a obra oferece um tour imersivo pelos sagrados espaços e apresenta um relato histórico do nascimento da religião. É um verdadeiro compêndio para aqueles que desejam conhecer a religião, os orixás e as práticas mediúnicas.
O autor, que também é sacerdote, explica no livro o que é e como acontece a gira, o propósito da manifestação dos espíritos, quem são os orixás, a cultura, as tradições e a história da umbanda. De acordo com Rodrigo Queiroz, a obra é a porta de entrada ao universo prático, teórico e filosófico da religião.