A obra Convívio, de Dante Alighieri, ganhou nova tradução pelas mãos do professor e pesquisador Emanuel França de Brito. Lançado pela Companhia das Letras, o livro contará com lançamento em Curitiba no próximo sábado, dia 25 de maio, às 16h, na Livraria Barbante, Rua Saldanha Marinho, 1220, às 16 horas. O livro antecede a obra mais conhecida do poeta, filósofo e pensador político italiano, A Divina Comédia.
Dante Alighieri (Georgios Kollidas/Shutterstock)
Inacabado, Convívio reúne tratados filosóficos e comentários sobre poemas publicados anteriormente pelo próprio Dante, trazendo questões éticas, morais e filosóficas. “É um livro bastante autobiográfico, que se insere no meio da trajetória do Dante, e tem esse caráter mais filosófico”, esclarece Emanuel ao salientar que, apesar da vertente mais reflexiva, o material todo não deixa de ser embasado na poesia do autor italiano.
MORTE DE BEATRIZ
“Convívio começaria nessa fase em que Beatriz [a musa do autor] morre, e Dante vai se dedicar a um outro amor, que seria essa ‘dama Filosofia’.
Ele encontra uma espécie de consolação depois da morte da Beatriz”, comenta o tradutor carioca, formado em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Embora a tradução não seja inédita no Brasil, a edição de 2019 conta com alguns diferenciais: o trabalho é fruto da pesquisa de doutorado de Emanuel pela USP, que teve início em 2010. Foram cinco anos de trabalho com o texto, e mais dois de revisão.
Tradutor Emanuel França de Brito
ANTES DA IMPRENSA
Uma das maiores dificuldades da tradução desse tipo material está no fato de que a obra de Dante está inserida no século XIII, antes da invenção da prensa. Isso significa que a transmissão do texto, ao longo dos séculos, foi feita por manuscritos: “Os originais foram perdidos, e a tradição manuscrita leva a erros – que podem ser banais ou mais graves”, salienta o pesquisador.
Por consequência, a obra produzida há mais de 700 anos acaba cheia de lacunas, que precisam ser criteriosamente estudadas pelo tradutor. “O que temos nos últimos 150 anos, em relação ao estudo de Dante, são tentativas de reconstrução desse texto”, comenta.
MAIS QUE TRADUÇÃO
Outro desafio é a língua, diferente do italiano moderno. “Trata-se de uma língua que não adianta apenas falar italiano para traduzir. Nesse sentido, há grandes desafios”, ressalta Emanuel ao esclarecer que a tradução exigiu um extenso trabalho de pesquisa, inclusive por conta do vocabulário filosófico.
“É uma obra fundamental para entender a evolução do pensamento de Dante, embora ele ainda não seja, nesse momento, o grande poeta, teólogo, filósofo e pensador político que escreveu A Divina Comédia“, finaliza.