Agência DW – Em 11 de setembro de 1973, há cinco décadas, militares chilenos bombardeavam o Palácio de La Moneda, em Santiago, e invadiam a sede do Executivo. Com isso, derrubaram o governo de Salvador Allende e iniciaram uma era de 17 anos de regime militar, comandado por Augusto Pinochet.
Ainda hoje, o país latino-americano segue processando e punindo militares que cometeram crimes durante o regime autoritário. O caso mais recente foi o de sete militares condenados em agosto pelo sequestro e assassinato do cantor Víctor Jara, que era um símbolo da canção de protesto chilena nos anos 70.
A ditadura chilena fez 40 mil vítimas, entre as quais mais de 3 mil morreram ou desapareceram, segundo registros oficiais.
Mais de 1.500 agentes da ditadura chilena já foram processados por crimes cometidos no regime, o que coloca os chilenos à frente do Brasil no quesito justiça de transição – prática de estados que migram de ditaduras para democracias e processam os crimes cometidos por membros do regime anterior. Isso envolve apurar os fatos, reparar os danos causados às vítimas e pacificar a sociedade, com o objetivo de evitar que as violações se repitam no futuro.
Por outro lado, o exemplo chileno não é tão poderoso como o argentino, que foi mais longe na punição de militares, busca de desaparecidos e superação da ordem jurídica da ditadura.
O Chile é um “caso intermediário” entre o rompimento radical da Argentina com o regime autoritário e a anistia e proteção das Forças Armadas do Brasil, afirma à DW Joana Salém, professora visitante da Universidade Federal do ABC e doutora em história pela USP, especialista em América Latina.