quinta-feira, 10 outubro, 2024
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Olhar de Cinema traz Cinema Negro, de Luta e Queer

Assessoria – Falta pouco para a 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. O evento, que ocorre de 12 a 20 de junho, exibirá mais de 80 produções cinematográficas, entre estreias nacionais e internacionais, obras de cineastas paranaenses, clássicos restaurados e reapresentados na telona em alta definição, são algumas das opções que compõem a ampla programação do evento, que se concretiza como um dos mais importantes dedicados à sétima arte do Brasil.

As 10 mostras do festival propõem um novo olhar sobre determinado segmento, pauta, idade, diretor ou estilo de produção, resultando nos longas e curtas-metragens selecionados pela equipe de curadoria. Os ingressos já estão à venda pelo site oficial com valores a partir de R$8 (meia-entrada).

Além das exibições, o Olhar de Cinema ainda conta com um amplo quadro de seminários e oficinas gratuitas e abertas ao público, abordando diferentes temas que vão além dos aspectos técnicos e estéticos da cinematografia, promovendo reflexões sobre o papel social da sétima arte.

Cinema Negro no Brasil

Entre os tópicos a serem discutidos nesta edição, está a Preservação Audiovisual do Cinema Negro no Brasil, fazendo referência à estreia da versão restaurada e digitalizada em 4k do filme “Um é Pouco, Dois é Bom”, de Odilon Lopez, que estreia no Olhar de Cinema. O primeiro longa-metragem dirigido por um diretor negro no Sul do país traz novos contornos para as discussões em torno da historiografia do cinema negro e brasileiro, se adentrando no debate de questões sociais, como o racismo e a marginalização de seus personagens.

Versão em 4k de ‘Um é Pouco, Dois é Bom’, terá sua estreia no Olhar de Cinema. Reprodução

O filme segue uma estrutura episódica, acompanhando seus protagonistas em dois contos pela vida urbana em Porto Alegre – “Com…Um Pouquinho de Sorte”, que trata o motorista de ônibus Jorge, que se casa com Maria, que, grávida, é despedida do emprego. Jorge sofre um acidente e tem o mesmo destino, tendo que virar camelô e bicheiro para pagar prestações do apartamento; e “Vida Nova… Por Acaso”, os batedores de carteiras Magrão e Crioulo saem da cadeia dispostos a começar uma vida nova. Um deles apaixona-se por uma loira de alta classe social, mas o destino lhe reserva uma surpresa.

“O Olhar de Cinema tem a honra de receber a estreia da versão 4K deste histórico longa, que além de ser dirigido por Odilon Lopez, também é roteirizado por ele, contando ainda com diálogos de Luiz Fernando Veríssimo”, comenta Gabriel Borges, curador de longas-metragens do Olhar de Cinema. 

No seminário gratuito, que ocorre no dia 14 de junho, às 11h30, no Cine Passeio, participam os representantes das instituições parceiras que realizaram a restauração Cinemateca Capitólio, plataforma INDETERMINAÇÕES e Mnemosine Serviços Audiovisuais: Débora Butruce, coordenadora de preservação do projeto; Gabriel Araújo, jornalista, crítico e curador de cinema; Lorenna Rocha, historiadora, crítica e programadora de cinema; Marcus Mello, técnico em cultura da Cinemateca Capitólio; e Vanessa Lopez, filha de Odilon Lopez, falando sobre o processo de retomada do longa-metragem de Lopez, em seus aspectos técnicos e impactos políticos e históricos para o campo do cinema nacional. Como a recirculação de uma obra dirigida por um cineasta negro na década de 1970 pode reorientar a forma de escrever a história do cinema brasileiro? Como esse projeto poderá auxiliar nas articulações de políticas de preservação audiovisual focadas nas autorias negras?

A estreia da versão em 4K de “Um é Pouco, Dois é Bom”, está marcada para o 13 de junho, às 19h45, no Cine Passeio Ritz, com reexibição no dia 16 de junho, às 16h30, no Cinemark Mueller. Os ingressos para as sessões estão disponíveis no site oficial do Olhar de Cinema.

Cinema de Luta

Pela primeira vez no Olhar de Cinema, a Mostra Foco será dedicada a um conceito orientador, o “Cinema de Luta”, apresentando uma seleção de longas brasileiros recentes que fazem de suas práticas audiovisuais, partes integrantes de uma luta para produzir mudanças efetivas em seu entorno. Esse diálogo a respeito da mostra coloca em foco os filmes selecionados e a reflexão sobre uma prática de cinema entendida como parte intrínseca de lutas maiores. 

O seminário, que ocorre no dia 15 de junho, às 11h30, no Cine Passeio, contará com a participação de Amanda Caroline da Silva, representante e coordenadora da comunicação do Núcleo Periférico, educadora popular na Escola Popular de Cinema do Núcleo Periférico e ativista social em movimentos por moradia; Arthur B. Senra, mestrando em comunicação, especialista de Processos Criativos em Palavra e Imagem, e bacharel em Cinema e Vídeo ; o documentarista Matias Borgström, diretor de “Ouvidor”; Pedro Charbel, mestre em sociologia e bacharel em Relações InternacionaisUilma Queiroz, mestre em História, membro do coletivo Mulheres do Audiovisual PE, pesquisadora, educadora e realizadora audiovisualA mediação é de Camila Macedo.

Cinema Queer

Alguns dos filmes destacam-se com a temática queer, termo que celebra a diversidade e complexidade das experiências humanas relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual. 

Salão de Baile – Filme de Encerramento. Reprodução

Presente em diversas mostras do festival, é possível traçar paralelos entre  obras que lidam de diferentes maneiras com o tema, seja pela apresentação de personagens, cenários ou em suas abordagens cinematográficas, como nos filmes “Caminhos Cruzados” (Dir. Levan Akin | Suécia, Dinamarca, França | 2024 | 105’) e o curta “Mamántula” (Dir. Ion de Sosa | Espanha, Alemanha | 2023 | 45’), que integram a Mostra Competitiva Internacional;  “Se eu Tô Aqui é Por Mistério” (Dir. Clari Ribeiro | Brasil | 2024 | 21’), curta da Mostra Competitiva Brasileira; e “Salão de Baile” (Dir. Juru e Vitã | Brasil | 2024 | 92’), filme de encerramento da edição de 2024. É possível também encontrar retratos de personagens queer ou ainda maneiras queer de lidar com o cinema em filmes espalhados por toda a programação, como “Entre Vênus e Marte”(Dir. Cris Ventura | Brasil | 2022 | 61’), e “Jean Genet Agora” (Dir. Miguel Zeballos | Argentina | 2023 | 75’), da Mostra Novos Olhares; e “Eu Não Sou Tudo Aquilo Que Quero Ser” ( Dir Klára Tasovská | República Tcheca, Eslováquia, Áustria | 2024 | 90 ‘), da Mostra Competitiva Internacional.

Destaque para o filme “Salão de Baile”, que, pela primeira vez, aborda a cultura ballroom dentro do Olhar de Cinema. Dirigido por Juru e Vitã, o documentário nos conduz pelas houses fluminenses, que se apropriam de influências estrangeiras e de elementos reconhecidamente brasileiros para construir um universo que combina dança, música, moda e performance a partir das experiências queer periféricas e racializadas.

Caminhos Cruzados, de Levan Akin. Imagem: Reprodução

A cena ballroom, que ficou muito conhecida com o destaque dado a cultura por artistas como Madonna, Beyoncé e Ryan Murphy (“Pose”), foi criada por mulheres trans negras e latinas de Nova York nos anos 1970 como ambiente de lazer, experimentação artística e resistência contra a violência e a discriminação. 

Outra produção de destaque é “Caminhos Cruzados”, do cineasta sueco Levan Akin, filme com distribuição da plataforma MUBI, em que vemos uma personagem queer essencial para a narrativa. Na trama, uma professora aposentada parte rumo a Istambul em busca de sua sobrinha, há muito tempo perdida. Com a ajuda do seu jovem vizinho e de uma advogada dedicada à luta por direitos de pessoas trans, eles tentarão encontrar a garota em meio às ruas da cidade.

13º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba
Data
: 12 a 20 de junho de 2024
Locais: Cine Passeio (R. Riachuelo, 410 – Centro)
Cinemark Mueller (Av. Cândido de Abreu, 127, Centro)
Teatro da Vila (R. Davi Xavier da Silva, 451, Cidade Industrial de Curitiba)
Ópera de Arame (R. João Gava, 920, bairro Abranches)
Site oficial
Redes Sociais: Instagram: www.instagram.com/Olhardecinema
Facebook: www.facebook.com.br/Olhardecinema
Patrocínio: Itaú e Peróxidos do Brasil
Apoio: Instituto de Oncologia do Paraná, Sanepar, Cimento Itambé e Favretto Mídia Exterior
Produção: Grafo Audiovisual / Promoção: RPC
Apoio Cultural: Projeto Paradiso, Cine Passeio, Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Taiwan Film & Audiovisual Institute, Cinemark
Realização: Programa de apoio e incentivo à cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura – Governo Federal. Lei de incentivo à cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal.

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