quarta-feira, 11 setembro, 2024
HomePolíticaChile: vitória da direita move pêndulo na América Latina

Chile: vitória da direita move pêndulo na América Latina

Agência DW – As pesquisas de opinião no Chile já haviam antecipado algo, mas a realidade chegou aos interessados na estatística eleitoral como uma avalanche incontível: o Partido Republicano, de ultradireita, se converteu neste domingo (07) na legenda mais votada nas eleições para o Conselho Constitucional, a segunda tentativa para substituir a Constituição de 1980, aprovada durante a ditadura do general Augusto Pinochet.

Diferentemente da primeira, desta vez serão os defensores da Carta Magna a deter a maioria, e os republicanos liderados por José Antonio Kast já deixaram claro que querem um texto “bastante semelhante” ao que se procura substituir.

Visto à distância, o vaivém eleitoral chileno parece incompreensível. Com uma participação de mais de 80%, com voto obrigatório e com o tema constitucional superado na agenda pública por problemas que parecem inquietar mais os chilenos, esse processo não foi capaz de concentrar o nível de atenção do primeiro.

“Creio que os resultados se explicam por as pessoas estarem buscando exatamente o contrário do que se passou no primeiro processo”, comentou à DW o analista político Kenneth Bunker, diretor executivo do website chileno Tresquintos.

Especialistas estimam que o êxito da ultradireita é uma resposta ao contexto social: aumento da sensação de insegurança, economia em apuros e crise migratória.

“Todas as listas competiram para ver quem oferecia mais segurança, embora isso não tivesse nada que ver com a Constituição”, explica Mario Álvarez, doutor em Comunicação Política da Universidade de Leeds e acadêmico da Universidade de La Frontera.

“Mas se você compete aí [nesse campo temático], os conservadores vão sempre ganhar, porque têm um discurso mais simplista e de mais êxito. Elaboraram uma retórica patriótica a respeito: de um lado estão os chilenos, do outro, os que não defendem o Chile – o que é exatamente o discurso público de Pinochet [ditador chileno de 1974 a 1990]. Então, não só pautaram o tema, como ainda o estruturaram de maneira inteligente”, acrescenta.

Leia Também

Leia Também