Numa pequena cidade polonesa o Rabino foi procurado por um patrício, vendedor ambulante, que ao chegar disse que queria se matar.
Assustado, o Rabino perguntou:
– O que te levou a ter um pensamento tão pecador? Que o céu o proíba.
E o homem respondeu:
– É melhor do que morrer de fome. Hoje meu cavalo morreu e sem ele não posso ganhar minha vida.
– Olhe, falou o Rabino, o Santo, abençoado seja ele, providenciará. Hoje à meia-noite me encontre no estábulo do Conde.
O homem não tinha ideia do que o Rabino pretendia fazer, mas obedeceu e chegou à cocheira do Conde no horário determinado.
Lá o Rabino o levou até onde estava um belo garanhão branco e disse para levá-lo.
– De jeito nenhum, gritou o vendedor. Não posso fazer isso, o Conde vai me enforcar!
– Não se preocupe, o Rabino o tranquilizou. Pegue o cavalo e vá em paz.
Como confiava plenamente no Rabino, o vendedor obedeceu. Quando saiu, o Rabino deitou na palha dos animais e dormiu.
Na manhã seguinte, o Conde entrou no estábulo, chutou o homem que estava dormindo ali e gritou:
– Quem é você, o que está fazendo aqui e o que fez do meu cavalo?
O Rabino sentou-se, esfregou os olhos e em seguida levantou e pôs-se a gritar, com as mãos levantadas para o céu:
– Graças a D-us, criador do Universo!
O Conde, sem entender o que estava acontecendo, repetiu:
– O que é isso? O que está acontecendo, quem é você, e onde está o meu cavalo?
E o Rabino disse:
– Você não entende? Eu era o seu cavalo! Antes eu era um homem religioso, um Rabino estudioso da Lei, mas uma noite sucumbi ao impulso do Mal e fui procurar uma prostituta. Como punição, o Santo me transformou no cavalo. Mas com o sofrimento eu me arrependi e orei por perdão. Finalmente minhas orações foram ouvidas e fui transformado novamente em ser humano. Bendito seja D-us, criador do Universo!
Ao ouvir isso, o Conde, que era um homem devoto e acreditava em milagres, também gritou:
– Graças a D-us, todo poderoso!, e deixou o Rabino ir.
Semanas depois, o Conde estava andando pela cidade. De repente, ele viu o vendedor ambulante com sua carroça puxada pelo belo garanhão branco. Imediatamente pulou da carruagem e correu para o cavalo, pondo-se a bater na parte traseira do animal com o chicote, enquanto gritava:
– Canalha! Ingrato! Andou com as prostitutas outra vez?
GERSON GUELMANN é responsável pelo maior acervo de Humor Judaico em português do Brasil. Diariamente brinda seus leitores com textos inteligentes, saborosos, bem humorados (mas também sérios) no seu Blog do Guelmann.