
Não me alinho entre os que simplesmente desancam a pastora e agora ministra dos Direitos Humanos e Família Damares Alves. Até porque, além do primitivismo com que expõe seu pensamento meio trôpego, ela tem alguns méritos.
Por exemplo: tem visão ampla do que fazer para o socorro das crianças de rua e aquelas vítimas de violência. Trabalha com elas há anos. Até porque sentiu na carne, aos seis anos, ao ser estuprada por dois pastores evangélicos, a extensão do abandono das crianças, a quem muitas vezes não se dá muito crédito.
ESTÉRIL
Mais que isso: mulher que ficou estéril em decorrência do estupro, ela enfrentou com desassombro – por meio de uma ONG que dirige – a questão dos infanticídios em tribos indígenas. E promete continuar a combatê-los, apesar de uma insana oposição de certa “gauche” firmada sobretudo nas redes sociais.
FREIRAS TAMBÉM
Na defesa da vida da criança índia, descartada por tribos, em função de limitações físicas ou por terem nascido mulheres (além da cota de cada comunidade) ela não está sozinha.
Dias atrás, por exemplo, irmã Teresa Paula, 77, portuguesa, beneditina do Mosteiro do Encontro, de Mandirituba, me lembrava que freiras salesianas, em Manaus, há muitos anos salvam também vidas de bebês índios descartados por suas tribos.
CRIPTOMOEDA
Outra medida de bom senso de Damares: ela acabou com o convênio entre Universidade Federal Fluminense e FUNAI para a criação de uma criptomoeda indígena (!!!!), no valor de R$ 44 milhões. Coisas do Governo Temer, diga-se.
No mais, Damares deve fazer um voto de silêncio: suas eventuais boas intenções estão sendo mortas pela boca da ministra, como a proclamação do “meninos e meninas”. Entre outras declarações ‘non sense’.
A novidade: ela escolheu duas secretárias do Ministério: uma das políticas públicas, entregue a uma deputada da Igreja Universal; outra, da Família, entregue a uma filha de Ives Gandra Martins, advogada, professora, filósofa.