terça-feira, 18 março, 2025
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Zimmermann, criador de atmosferas

Carlos Eduardo Zimmermann
Carlos Eduardo Zimmermann

Amanhã, quarta-feira, 3, Carlos Eduardo Zimmermann, o artista plástico que é uma das melhores presenças paranaenses no mundo das artes, inaugurará mostra individual na Galeria de Zilda Fraletti, às 19 horas.

E com ela a ‘marchande’ e artista plástica Zilda estará marcando 30 anos de existência de seu endereço, hoje certamente um dos dois mais expressivos, da área, no Paraná.

De minha parte, fico orgulhoso: fui apoio seguro quando Carlos Eduardo Zimmermann e Bia Wouk estavam se iniciando nas artes plásticas em 1972, promovendo mostra da dupla na galeria do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos.

E, no ano de 2008, Zimmermann foi personagem de meu livro’ Vozes do Paraná’. Na ocasião, escrevi esse texto que segue sobre o Zimmermann e sua obra, que ele agora reapresenta à guisa de introduzir o catálogo dessa mostra. Tem o título de “Zimmermann, criador de atmosferas”. Leia a seguir:

CRIADOR DE ATMOSFERAS (2)

Zilda Fraletti
Zilda Fraletti

Carlos Eduardo Zimmermann tem sido, desde a primeira exposição em 1972, um comunicador de redescobertas, trabalhadas em telas e acrílica, preferencialmente, sob o comando de irreprimível impulso de registrar.

Não tem preferência por técnicas, expressa-se também em esculturas, desenhos, colagens, gravuras. Faz arte abstrata e figurativa, não há contradições, há interações.

Uma arte de imponente técnica, de domínio pleno de espaços vazios.

Eloquentes e infinitos espaços nus, dóceis à modelagem que Zimmermann pode imprimir-lhes.

Foi Cézanne quem cunhou a expressão “ser artista não é uma profissão mas um destino”. Zimmermann talvez acredite que não precisa explicar sua arte.

Prefere convidar o interlocutor a partilhar daquele mundo esboçado ou insinuado que revela hoje um Zimmermann mais holístico, aberto a realidades que podem ir das preocupações com a física quântica às cogitações metafísicas.

Carlos Eduardo Zimmermann só entende espaços e visões compartilhados. É uma escola de solidariedade que ele acredita ser a melhor saída para um mundo que ainda não entende “que é o amor, e não a vida, o contrário da morte”. E que “é o medo, e não a morte, o contrário da vida”.

Em seu estúdio o artista fica a captar o jogo de claros e escuros, de uma tarde cheia de nuvens. Uma tarde de Curitiba, cidade com a qual mantém uma relação de respeito, paixão e, muitas vezes, de perplexidade. Uma perplexidade que pode ter seus fundamentos numa herança cultural de que ele mesmo é legatário. O que pode até explicar o fascínio pelo hiper-real, pontilhando uma técnica perfeccionista que, no fundo, é solidamente curitibana.

AROLDO MURÁ G.HAYGERT

(Texto originalmente publicado em Vozes do Paraná.)

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