
Luiz Ernesto Juvenal, hoje certamente o mais importante e requisitado acupunturista paranaense, faz parte de um restrito, exigente e saudoso grupo de aficcionados por uma marca histórica de automóvel. Ele pertence ao grupo curitibano de cultores das qualidades, graça e beleza, além de desempenho, dos carros da marca Puma, nascida há 50 anos, com o italiano Rino Malzoni.
E Luiz Ernesto e centenas de outros “doentes pelo Puma” passarão pelo menos três dias – de 17 a 19 de outubro próximo – reunidos em Curitiba no Décimo Encontro Nacional do Puma, num evento patrocinado pelo Puma Clube de Curitiba.
2 – COMO TUDO COMEÇOU
Segundo o histórico que me envia Luiz Ernesto Juvenal, o Puma começou assim:
“No início dos anos 60 surge um nome no meio automobilístico, GENARO MALZONI ou RINO como era mais conhecido entre seus amigos. Um italiano que veio para o Brasil com pouca idade em companhia de seus pais, formou-se em direito mas a sua verdadeira paixão sempre foi o automobilismo. No início dos anos 60 resolve pôr em prática um antigo sonho de construir seu próprio carro de corrida, contratou alguns bons artesãos da época e em um barracão de sua fazenda no interior de São Paulo pôs em prática suas ideias nascendo assim o veículo RINO I, em sequência o RINO II que posteriormente passou a se chamar de GT MALZONI, carro com característica esportiva montado sobre um chassi e mecânica DKW de três cilindros, dois tempos com 981 cc que desenvolvia 60 cv de potência com carroceria em aço, logo despertou grande interesse no meio automobilístico pelo seu excelente desempenho, estreando nas pistas com o piloto Mário César Camargo Filho (Marinho).”
3 – TRÊS MODELOS
Diante do grande sucesso que alcançou o veículo, a equipe VEMAG dirigida então pelo engenheiro Jorge Lettry encomendou a Rino Malzoni três modelos que passaram a ser usados pela equipe, a qual contratou na ocasião Marinho e Anísio Campos como pilotos oficiais. As carrocerias destes modelos foram produzidas em fibra de vidro para diminuir o peso do veículo. Estimulado pelo sucesso que o seu carro obteve nas pistas, RINO associa-se a Luiz Roberto Costa, Milton Masteguin e ao piloto Marinho criando-se em Outubro de 1964 a LUMIMARI VEÍCULOS, cujo nome era derivado das duas letras iniciais e cada sócio. Em 1966 é mudada a razão social da indústria para PUMA VEÍCULOS E MOTORES LTDA, a partir daí o GT MALZONI foi então redesenhado pelo designer e piloto Anísio Campos e a nova versão foi apresentada no SALÃO DO AUTOMÓVEL daquele ano com o nome de PUMA GT conhecido também como PUMA DKW. VEÍCULOS E MOTORES como fabricante de veículos.
4 – DKV VEMAG
Em 1967 a DKV Vemag do Brasil encerra suas atividades inviabilizando a continuidade da produção do PUMA DKW. No ano seguinte é apresentado um novo modelo sobre chassi e mecânica VW 1500 também com carroceria de fibra de vidro o qual obteve um sucesso imediato. A partir de 1970, a Puma passou a fabricar o GT 1600 e começa a receber as primeiras encomendas internacionais sendo o mesmo exportado para inúmeros países.
No ano seguinte é lançada a versão spider denominada Puma 1600 GTS, que foi o primeiro conversível. Em 1973 a PUMA vende seu know-how e direitos de construção dos seus veículos à Bromer Motor Assemblies que passou a produzir o Puma e comercializá-lo na África do Sul, sendo ao que consta, a Puma Veículos e Motores foi a 1ª Indústria Automobilística Nacional a receber royalties do exterior. Aparece então um novo modelo, maior mais requintado, equipado com mecânica de 6 cilindros em linha do Chevrolet Opala, o PUMA GTB, que posteriormente passou a denominar-se GTB S-1, S-2, S-3 e S-4 (turbo). Além dos veículos que a PUMA produzia, dedicava-se também à fabricação de kits para preparação de motores (PUMA KIT), diversos tipos de peças para fins industriais, cabinas de caminhões e bugs.
5 – INDÚSTRIA EM CURITIBA
Entre os vários projetos da PUMA estão ainda, o GT 4R veículo encomendado pela revista Quatro Rodas em 1969 para ser sorteado entre seus leitores, o qual foi produzido apenas quatro unidades, o MINI PUMA veículo com características populares apresentado no Salão do Automóvel de 1974 não chegou a ser produzido em série e o P-18 uma nova versão do antigo Puminha. Em meados dos anos 80 um grupo de empresários paranaenses adquiriu a PUMA INDÚSTRIA DE VEÍCULOS S/A transferindo para Curitiba todo o seu parque industrial, criando a ARAUCÁRIA VEÍCULOS que posteriormente foi vendida a um industrial do setor de autopeças também de Curitiba NÍVIO DE LIMA, o qual mudou a razão social para ALFA METAIS VEÍCULOS.
Inicialmente foram produzidos em Curitiba os modelos AM-1 fechado e AM-2 conversível derivados do modelo P-18 com a mesma mecânica VW, posteriormente passaram a ser equipados com motor AP refrigerado a água dando origem aos modelos AM-3 e AM-4 com a traseira um pouco mais longa.
A ALFA METAIS produziu ainda o modelo GTB-S-2 e o reestilizou totalmente, originando o modelo AMV. Foram produzidos ainda em larga escala caminhões e ônibus de médio porte. Com a abertura da importação no início dos anos 90, tornou-se inviável a continuidade da produção dos veículos Puma devido ao seu alto custo em relação aos veículos importados. Desta forma, termina no Brasil o ciclo produtivo dos automóveis “PUMA”, sonho de uma geração de tantos brasileiros. “