Assessoria – A recente temporada da peça Cão Vadio em São Paulo, da companhia curitibana Ave Lola, rendeu não apenas plateias cheias e boas críticas, mas também a indicação para três importantes prêmios no cenário cultural brasileiro: Prêmio Shell de Teatro, Prêmio APCA e Prêmio Arcanjo. Os resultados dos dois primeiros ainda serão divulgados no início do ano que vem, mas o clima já é de comemoração pelo reconhecimento de um trabalho intenso realizado há 14 anos.
Pelo Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, foram duas indicações este ano: Melhor Espetáculo e Melhor Direção, de Ana Rosa Genari Tezza. Reconhecido como uma das mais importantes premiações culturais do Brasil, o prêmio reconhece diversas manifestações artísticas como teatro, cinema, música, artes visuais, televisão, literatura, arquitetura e dança.
Já pelo Prêmio Shell de Teatro, uma das premiações mais importantes e tradicionais do teatro brasileiro, indicou Ave Lola para Melhor Figurado, assinado pelo também ator da trupe Eduardo Giacomini. Com mais de três décadas de existência, o prêmio foi criado pela Shell do Brasil, uma das maiores empresas de energia do país, e se tornou uma referência no setor cultural. A Ave Lola ja recebeu indicações para este prêmio com o espetáculo Nuon, em 2018, nas categorias Iluminação (Beto Bruel e Rodrigo Ziolkowisky) e Figurino (também assindo por Eduardo Giacomini).
Por fim, o espetáculo também foi indicado ao Prêmio Arcanjo de Teatro na categoria de Melhor Espetáculo de Teatro Contemporâneo. O prêmio, organizado pelo renomado crítico Miguel Arcanjo Prado, está na sexta edição e ganhou destaque por seu olhar inclusivo, abrangendo artistas, companhias, diretores e produções de diferentes vertenteU+0073 e contextos.
“É uma alegria imensa ver que o trabalho continuado desenvolvido pela Ave Lola teve um reconhecimento enorme da crítica especializada e do público paulistano. Essas indicações aos prêmios nos anima a seguir com o mesmo afinco na busca por um teatro que provoca, poetiza e gera o encontro”, conta Ana Rosa Tezza, diretora da Ave Lola.
Cão Vadio
Cão Vadio é uma obra que parte de pesquisa sobre o realismo fantástico, gênero artístico presente na literatura latino-americana e na pintura contemporânea argentina. A peça intercala números e cenas, entre personagens que se encontram na borda do mundo, um lugar para onde alguns fogem, alguns se escondem, alguns foram levados à força ou carregados em grandes tragédias naturais – lugar esse que dá nome ao espetáculo. A dramaturgia original, escrita e dirigida por Ana Rosa Genari Tezza, se funde a trechos de obras de Gabriel García Márquez, Jorge Luis Borges, Vargas Llosa – referências do realismo fantástico, e até mesmo Shakespeare e Tchekhov.
O espetáculo trata de temas atuais, mas também atemporais, como as questões migratórias e de fronteiras, a intolerância, a violência e a dificuldade de comunicação gerada pelas diferentes realidades sociais. Mesmo com uma temática densa, a encenação tem pitadas de humor, ironia e poesia. A encenação tem ainda a presença marcante da linguagem do cabaré, incluindo música latino-americana executada ao vivo por Arthur Jaime e Breno Monte Serrat.
Ave Lola
A Ave Lola é uma companhia de teatro fundada em 2010 que vem encantando o público com espetáculos premiados que já circularam o Brasil e também países como Chile e Dinamarca. Hoje é considerado um espaço de criação por extrapolar as barreiras do teatro, com produção de livros, filmes, exposições, oficinas e articulação com artistas do mundo todo – sendo berço de projetos de diversas áreas.
A companhia se destaca por trabalhar com diversas linguagens cênicas, como a música ao vivo, o teatro de bonecos, a dança e o uso de elementos visuais marcantes. Dirigida e gerida apenas por mulheres, a companhia desenvolve peças com foco em temas sociais, históricos e humanos, com uma abordagem que busca dialogar com o público de maneira sensível e poética.