As notícias não são boas para o universo de iniciativas importantes. E quando se trata de inclusão de pessoas com deficiências, muito pior ainda. É o caso da Escola Epheta, que desde 1950 funciona na Rua Bento Vianna, Batel, fundada para apenas oferecer educação aos surdos, criada e mantida por congregação religiosa feminina católica, Filhas do Sagrado Coração de Maria.
Epheta é o nosso mais importante centro de educação de surdos.
“Como inclusão de surdos na vida civil e em atividades profissionais não é prioritária, a Epheta fechará as portas até o final do ano”, dizia ontem à coluna um educador que por anos atuou na instituição. Foi dispensado do emprego.
A Epheta encerrará seus serviços, mais apostolado do que qualquer coisa, por absoluta falta de recursos. Não há empresas em número suficiente que participem do projeto de educação de surdos, tema que não tem interessado também ao poder público.
“Too bad”, como diria Ibrahim Sued.
FUNDADORA
A fundadora da Epheta foi Nydia Moreira Garcez, filha do casal João Moreira Garcez e Leonor. Ele foi prefeito de Curitiba.
Nydia ficou surda aos 5 anos. Depois de estudar até os 19 com um filólogo, no Rio, que se especializara em educação de surdos, ela ingressou na congregação católica que depois seria a mantenedora da Epheta (e também da Escola de Educação Familiar, ambas na Rua Bento Vianna).
A Educação Familiar nos anos 1960 reunia o “crème” da chamada classe alta curitibana feminina. Por isso, em tom jocoso, foi apelidada de “caça maridos”: os jovens também classe alta, faziam diárias e pontuais incursões aos portões da escola, em busca de contatos e namoros com as jovens alunas.
A seguir, um rápido apanhado das características da Escola Epheta, seus propósitos, seus métodos.
DIFERENCIAL
Metodologia EPHETA – Proposta pedagógica de ensino da língua portuguesa na área da surdez/deficiência auditiva: facilitando a inclusão social, pelo ensino da língua portuguesa por meio da oralidade e recursos auditivos para a pessoa com deficiência auditiva: Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), Implante Coclear (IC) e Sistema FM. Estes recursos são disponibilizados por meio de políticas públicas de saúde e educação à pessoa com deficiência auditiva.
OBRIGATÓRIO
Obrigatoriedade de o usuário estar matriculado no ensino regular, desta forma incentivando o retorno ou continuidade dos estudos. O convívio com ouvintes incentiva o uso da comunicação oral pela pessoa deficiência auditiva estimulando a audição e a linguagem;
ALFABETIZAR Letramento/alfabetização
Profissionais que atuam na EPHETA reforçam o Letramento e alfabetização dos seus usuários o que auxilia no ensino regular na alfabetização.
Programa de Orientação Profissional (POP)
Está integrado à oficina de Linguagem VI e seu funcionamento contempla três níveis: Nível I autoconhecimento para definir o perfil pessoal do usuário, Nível II informação profissional contextualizada com visitas as empresas e encaminhamentos a cursos profissionalizantes e Nível III escolha profissional e encaminhamento ao mercado formal de trabalho e execução do Projeto de Vida.