domingo, 9 fevereiro, 2025
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Primavera Romana (V): Pavor do cinto de segurança

Roma-turismo-1Afora as curiosidades que a Cidade Eterna vai revelando sempre, muitas delas “velhas novidades” que se mantêm meio escondidas, há realidades que não escapam ao olhar atento dos que chegam à cidade. Como, por exemplo, o verdadeiro “pavor” que os taxistas romanos têm dos cintos de segurança.

Não os usam nem fazem esforço para que o passageiro use o essencial equipo de segurança. Riem quando alguém reclama da falta de cinto.

E não só os taxistas. O mesmo ocorre com os meros motoristas, como aqueles casais de amigos e amigas que me mostraram partes de Roma por conta deles.

As estações de metrô fazem parte da cidade. E, assim, não se surpreenda quem for visitar a Roma deste 2014: são sujas, pichadas, algumas expõem lixo amontoado na entrada.

A limpeza pública de Roma não é modelo para nenhuma cidade.

Banheiros químicos

Já nas imediações da Praça São Pedro e em toda a área externa do Vaticano daquele perímetro (pois há prédios, muitos, fora do Vaticano que são da Santa Sé, pertencem à sua extraterritorialidade) a limpeza merece ser saudada.

E também o Vaticano, em dias de grandes eventos, se preocupa com as humanas necessidades de seus fiéis, providenciando-lhes acesso a banheiros. Tal como ocorreu nos dias que antecederam, durante e dias depois das canonizações de João XXIII e João Paulo II.

Segundo informações oficiais da Prefeitura do Vaticano, foram disponibilizados mil banheiros químicos. No sábado, 26, véspera das grandes celebrações, caminhões-pipa da Santa Sé faziam, na parte da tarde, ampla limpeza dos banheiros, esgotando-os e lavando-os com água sanitária.

“Limpando as almas”

A “limpeza das almas”, na maior das igrejas católicas do mundo, a Basílica de São Pedro, fica por conta de dezenas de confessionários em que padres atendem em diversas línguas.

Para surpresa minha, um deles, em tudo indicando ser um chinês, saiu de um confessionário em que uma tabuleta indicava que as confissões seriam em língua italiana.

Surpreso, fui tirar a dúvida: perguntei-lhe, em portunhol, se ele voltaria logo, e ele me respondeu em italiano fluentíssimo, que estava em intervalo. Para almoço.

Ou, quem sabe, para a sesta?

Mas numa das mais visitadas igrejas de Roma, em pleno setor Histórico, a de Gèsu, dos jesuítas, e na qual o papa Francisco celebrou uma de suas primeiras missas logo depois de eleito pontífice, não parece haver intervalo para as missas. De hora em hora elas são celebradas, enquanto, ao lado da capela das missas, um sacristão (secular) vende livros, medalhas, terços, souvenirs religiosos. Tudo aos borbotões. Faz as contas e dá o troco com grande agilidade. É um mercador de coisas sacras compenetradíssimo. Nada a ver, no entanto, com o pecado da simonia, que seria a venda de favores sagrados.

Quando examino bem o templo medieval, fico a mergulhar na história daquele homem – Inácio de Loyola – nome que é uma constante naquela igreja. Esse santo e soldado foi o fundador dos jesuítas.

E me sinto dentro de um pedaço da História mais eloquente do Ocidente: pois daqueles espaços sacros Loyola e sua esquadra tantas vezes se reuniram para conquistar e mudar o Ocidente.

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