Morreu domingo e foi sepultado em Curitiba o engenheiro Hans Klaus Garbers, 90.
Quem conhece a história de Curitiba, particularmente do século 20, sabe a importância que ele teve na vida cidade, particularmente como guardião da cultura e dos valores trazidos pelos ancestrais de sua etnia germânica. A forma altiva e progressista com que presidiu o Clube Concórdia, por 30 anos, dá medida de seu envolvimento comunitário. E no clube ele gerou dividendos culturais para o Paraná todo, com a criação, por exemplo, do Salão da Primavera, que acabou se mostrando um viveiro de artistas importantes.
2 – ESCOLHA O ÂNGULO
Há inúmeros ângulos pelos quais pode-se escrever sobre Hans Klaus Garbers. Um deles, pela importância e dimensão que conferiu a eventos tradicionais do Concórdia, como a Festa da Cerveja, e/ou as atividades esportivas da sede da Rua Jacarezinho.
Para mim, que tive a honra de ter Hans Garbers no lançamento de Vozes do Paraná 4, o que mais me impressionou em Garbers foi a capacidade de lutar por seus objetivos e pelas coisas em que acreditou. Sua grande última batalha foi pela preservação do Clube Concórdia, que acabou, a despeito disso, sendo absorvido pelo Clube Curitibano. Ele costumava lembrar o enorme valor do patrimônio do clube diante da soma de débitos que acabou justificando sua junção ao Curitibano.
3 – O PRESERVACIONISTA
Quando for levantada inteiramente a história desse homem, cuja família foi vítima da polícia política da ditadura Vargas (pretexto de que seria ligada ao nazismo, fato nunca comprovado) outro ângulo de seu caráter vai aparecer.
Será o do Hans Garbers preservacionista, homem rico, proprietário de imóveis e grande defensor da Serra do Mar.
Na Estrada da Graciosa, enormes áreas, nas margens da estrada, foram cuidadosamente preservadas pela atenção e carinho de Garbers, um leão na defesa de suas posições.
Era o ‘imperador’, com cujas forças gente como os jornalistas Zélia Sell e Guilherme Sell empreenderam grandes batalhas pela manutenção do Concórdia como clube autônomo, indissociável da vida e história de Curitiba.
Henrique Luiz Schmidlin, o “Vitamina”, também foi interlocutor privilegiado de Garbers. Ele poderá narrar, por exemplo, sobre aquela liderança e das “velhas águias” que se reuniam com Garbers, semanalmente, num restaurante do Jardim Schäffer. Para ‘matar saudade’ e assestar armas contra os adversários que combatiam.