O ano de 2013, assim como 2014, não foi generoso com Airton Cordeiro, um dos mais combativos jornalistas do Paraná, 50 anos de carreira, começada no rádio pelas mãos de Maurício Fruet (pai de Gustavo Fruet).
O 2013, particularmente, foi um ano de duro combate em que o profissional de comunicação, padrão no tratamento ético da notícia e das fontes, foi surpreendido por acusações infundadas, como a de que teria assediado uma estagiária em emissora de rádio em que atuava.
2 – IRRESPONSABILIDADES
Nesse mundo de irresponsabilidades, muitas delas tangidas pelas chamadas mídias sociais – onde qualquer um entra e diz o que bem quer, frequentemente praticando calúnias que atingem, reputações, impunemente -, ele foi vítima também desses “faces” da vida.
Conseguiram, com a “comoção instantânea causada”, do alegado assedio, que fosse desligado da rádio e de um jornal em que, aos 72 anos, Airton estava empregado.
3 – OPINIÃO SEGURA
Na rádio, era âncora, à tarde, fazendo essencialmente opinião, em que vergastava poderosos do poder público e seus apaniguados, como aqueles que se achavam no pleno direito de usar recursos do Tesouro para erguer estádios de futebol. Coincidentemente – seria coincidência? – a ira com que se voltaram contra Airton casou à perfeição com um tempo de fortes denúncias feitas pelo jornalista contra ‘big shots’ da iniciativa privada e administração pública.
No fundo, ele enfrentava uma guerra declarada contra cartolas que se achavam no direito de gastar dinheiro público em estádios de futebol, opinião duramente combatida pelo jornalista.
4 – CURRÍCULO
Assim, o que se viu foi um profissional sem papas na língua, com um invejável currículo jornalístico e também de ex-político (foi Constituinte de 1988, além de ter sido líder de Saul Raiz, na Câmara de Curitiba, e de Ney Braga, na Assembleia), ser exposto à condenação prévia.
Foi sempre jornalista e político ficha limpíssima, é essencial que se diga dele.
As demissões na rádio e no jornal não foram outra coisa senão apoio às aleivosias e gritas nas redes sociais alimentadas sabe-se lá por quem.
Para mim, ficou claro que o surpreendente sempre esteve às claras nessa história de que Airton foi vítima: das mulheres que teriam sido assediadas por ele, apenas uma materializou sua queixa. As outras sumiram, literalmente. Ou nunca teria existido de fato. Quem são elas, que nomes têm, onde estão?
5 – PROMOTOR NÃO VÊ CRIME
Mas o tempo encarregou-se de colocar as coisas no lugar. A Promotoria Pública, neste 2014, não viu motivo para denunciar o jornalista que, previdente – sabendo que poderia ser vítima de novas calúnias – manifestou-se ao juiz que apreciaria a questão, dizendo que em hipótese alguma aceitaria fazer acordo com a denunciante. Jamais aceitaria fazer acordos, não seriam da natureza de um jornalista que nunca fugiu da luta.
Enfim, disse querer ver as coisas em pratos limpos.
E assim o ano vai terminando bem, finalmente, para Airton Cordeiro: sem que a Promotoria e a Justiça encontrassem motivo para condená-lo. E mais: No começo deste mês, uma juíza de Vara Cível de Curitiba, que julgava ação contra Airton, por “delito” de opinião, deu ganho de causa ao jornalista. O derrotado foi outro jornalista, hoje ocupando funções públicas de alto relevo.
Tudo ótimo…
Agora cabe perguntar – buscando a velha imagem sobre as perdas irreparáveis das calúnias – sobre “quem vai recolher as penas espalhadas a quatro cantos…?”