sexta-feira, 9 maio, 2025
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Padres católicos: longe da procura de votos

Padre Kelmon (PTB), candidato a presidente: desconhecido

Leitores me perguntam o porquê de padres católicos romanos no Brasil não serem candidatos a cargos eletivos. A indagação vem a propósito da explicação que o site fez sobre o chamado Padre Kelmon, do PTB, que se apresentou no debate do SBT, como linha auxiliar da candidatura Bolsonaro. Kelmon alega ser sacerdote da Igreja Ortodoxa do Peru que, no entanto não tem reconhecimento de nenhum dos patriarcados ortodoxos.

Aliás, essa chamada Igreja Ortodoxa teve todas as tentativas de filiação à Ortodoxia barradas.

Já a “não participação” de padres católicos em disputa por cargos eletivos é verdade. Mas apenas em parte. Há poucos sacerdotes disputando as eleições. Mas quando eles entram no páreo, têm de se desvincular de suas dioceses,  onde estão incardinados (inscritos).

A CNBB não tem poder de veto sobre decisões de dioceses sobre esse e outros assuntos. As exceções – padre candidatos a cargos eletivos – ficam por conta, claro, das exceções.

Ex-senador padre Calazans; padre Zimmermann, deputado PT-PR

PADRES CATÓLICOS (2)

Tenho bem registradas algumas participações de padres católicos em eleições. Particularmente nos anos 1960/70, 80s, do século passado, quando era mais ou menos comum” sacerdotes entrarem em disputas
eleitorais.

No Paraná, ficou famoso o caso do padre Aneiko, do Norte do Paraná, que chegou a ocupar dois mandatos na ALEP nos anos 1960s… E depois, no final dos anos 2000, o padre Roque Zimmermann, originário de Ponta Grossa, nunca escondeu que exercia suas “duas vocações”… Política e o altar.

Foi um deputado federal bem à esquerda. Pertenceu à congregação dos Padres Verbitas (SVD).

A atuação de Monsenhor Arruda Câmara (PDC) na Constituição de 1946 - Fundação Democrata Cristã
Monsenhor Arruda Câmara

No plano nacional, as grande referências  de pleno exercício do sacerdócio e mandatos eletivos ocorreu com  o Padre Calazans, que chegou a Senador, por SP. Outro sacerdote de muita expressão nos anos 1970 e 1980 foi padre Godinho, de SP. Ele formava com padre Calazans uma dupla carismática, num tempo em que “Roma locuta, causa finita” (Roma falou, está falado). Tempos em que, por exemplo, ninguém contestava a influência que o cardeal Leme tinha exercido sobre o governo Vargas.

Não confundir o padre Zimmermann, deputado, com homônimo, e que foi pároco em Piraquara, anos 1990, posição de que saiu ao rebelar-se contra seus superiores.

No Rio, nos anos 1950/60, pontificou o monsenhor Câmara, como prefeito da cidade.

Dom Sebastião Leme, o Cardeal Leme
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