quinta-feira, 16 janeiro, 2025
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Opinião de Valor: “Inverno de Praga”

Por Antenor Demeterco Junior

A ex-secretária de Estado norte-americana (1997-2001), com atuação na política externa, Madeleine Albright, publicou suas memórias com o livro “Inverno de Praga”.

Confessou ela que desconhecia sua ascendência judaica, e que acabou descobrindo o extermínio de mais de vinte membros de sua família pelos nazistas.

Minha avó materna Josephina Scaramella Zanier, aqui na pequena Curitiba de então, também não soube da deportação de Rosetta Scaramella, sua possível parente, para o campo de Birkenau (cf. “Holocausto”, p. 713, de Martin Gilbert).

Nascida em Veneza, Rosetta tinha apenas cinco anos de idade.

Crimes imperdoáveis a parte, Madeleine ao abordar a Primeira Guerra Mundial, afirmou que não foi prevista a queda de três importantes impérios europeus, como consequência da mesma (cf. p. 52).

Tal afirmação não se sustenta, com uma pesquisa mais profunda entre documentos diplomáticos alemães do século XIX, ou seja, um “memorando” da lavra do chanceler Otto von Bismarck, datado de 10 de novembro de 1887.

A peça está disponível até hoje como noticia George Frost Kennan in “O Declínio da Ordem Europeia de Bismarck”, p. 364, e é terrivelmente profética:

“Nunca antes haviam as grandes monarquias da Europa tido maior interesse em evitar a guerra. Alguém, afinal, devia perder uma guerra. E os povos tinham agora o hábito de considerar seus governos como responsáveis por tais reveses. Mesmo na Alemanha as forças democráticas e republicanas ganhariam consideravelmente com uma derrota alemã. A próxima grande guerra teria menos qualidade de uma guerra de governo contra governo do que a de uma contenda conduzida, sob a bandeira vermelha, contra as forças da ordem e do conservadorismo”.

A previsão de Bismarck foi ignorada pelos sucessores dos imperadores da época, e da Grande Guerra resultaram, entre outros acontecimentos, a Rússia bolchevista e a fragilizada República alemã.

As bodas de sangue das imprudentes cabeças coroadas acabaram de completar cem anos.

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