domingo, 16 fevereiro, 2025
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O dilema da produção de orgânicos no Brasil

Apesar de venderem com certificado de comércio justo, pequenos agricultores no interior da Bahia não recebem o suficiente para se sustentar

 

Agência DW – Kathrin Wesolowski

Maçãs suculentas, goiabas e laranjas: são somente três dos 45 tipos de frutas que Jairo de Souza Rios cultiva em suas terras no interior da Bahia. Sua fazenda de 3,6 hectares se assemelha a um pequeno paraíso para os amantes de frutas orgânicas.

Mas, para o pequeno produtor rural, sua produção se traduz em trabalho pesado e de baixo rendimento, mesmo possuindo o certificado Fairtrade, que atesta um comércio justo assegurando determinados padrões de produção que respeitam normas sociais, ambientais e econômicas.

Há 13 anos, Rios possui o certificado que promete preços justos para agricultores e uma cadeia produtiva completamente rastreada. “Ultimamente, o preço deixou de ser justo”, diz o agricultor, de 39 anos, que vive com sua esposa Evelyn, com quem deseja ter filhos.

Segundo Rios, sobra pouco dinheiro para viver. No entanto, para ele, a produção orgânica é importante, mas quase não compensa devido ao preço pago pela laranja orgânica, que é minimamente superior ao da fruta produzida de maneira convencional.

Cooperativa quer preços mais justos

Rios e outros 79 agricultores fazem parte da Coopealnor, uma cooperativa de pequeno porte. Eles plantam laranjas, que são processadas em suco concentrado na cooperativa em parceria com a empresa Tropfruit. O produto é vendido, entre outros, para a Europa através da Gepa, a maior organização europeia de comércio alternativo.

Os agricultores decidem se querem cultivar da maneira orgânica ou convencional. A Gepa compra as duas variedades, pagando 2.315 dólares (cerca de R$ 11,9 mil reais) por tonelada de suco de laranja concentrado convencional e 3.900 dólares (cerca de R$ 20,1 mil reais) por tonelada de orgânico. O dinheiro é dividido entre os produtores.

Os agricultores orgânicos ganham mais dinheiro do que os convencionais, mas, segundo Rios, essa diferença não compensa. “O que me custa 20 ou 30 dias de trabalho como produtor orgânico, custaria menos do que um dia de trabalho como produtor convencional”, afirma. Ele possui um trator, mas, para a produção orgânica, a maior parte do trabalho precisa ser feita com as mãos.

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