Ontem, 12, Nilson Monteiro foi escolhido, por 22 votos (houve duas abstenções) novo membro da Academia Paranaense de Letras (APL). Entrou na vaga de Belmiro Valverde Jobim Castor.
A instituição tende a transformar-se, tal como a Academia Brasileira de Letras, uma grande mostra, a reunir, no nosso caso, exponenciais da vida do Paraná.
Na ABL, sabe-se, os literatos nem sempre prevaleceram: Getúlio, apesar de ser um homem culto, dono de amplo conhecimento da Língua e Literatura Portuguesas (assim como da língua francesa e sua literatura) e Brasileira, foi basicamente um político; houve um general, ministro da Guerra, no período ditatorial militar, que entrou na ABL. No frigir dos ovos, a ABL é um grande ateneu, refletindo a diversidade cultural da nação. O mesmo acontecer com a APL, que ontem tornou ‘imortal’ o jornalista e escritor Nilson Monteiro, uma das melhores figuras desse Paraná.
Nilson será um dos personagens do meu livro Vozes do Paraná, cujo volume 6 estarei lançando no próximo dia 25, a partir das 19h30 min, no solar Vila Sophia (Rua Barão de Antonina, esquina de Mateus Leme).
Excerto do perfil de Nilson eu agora repasso para a degustação do leitor:
2 – O “RETRATO”
Fujo ao meu comportamento habitual: não consulto anotações, ao partir para essa segunda parte do perfil do velho amigo.
Assim ajo seguro de conhecer o enorme profissional do jornalismo que vive no Nilson Monteiro, 62, um brasileiro especial.
Numa tarde de fevereiro deste 2014, ele, eu e Michelle de Cerjat estamos conversando, sem compromisso de tempo. Na verdade, não preciso indagar-lhe quase nada. Pois o “retrato” de Nilson eu o comecei a fazer em 1986, quando ele se mudou para Curitiba, cidade que adotou e pela qual só tem paixão menor do que aquela que vota a Londrina, seu berço espiritual e profissional.
3 – REPÓRTER AGUÇADO
Lembro-me do repórter aguçadíssimo dos tempos da saudosa Gazeta Mercantil, a escola-mãe de tantos jornalistas profissionais que acabaram fazendo um insuperável jornalismo de temas econômicos, no país. Nilson, Cláudio Lachini, Valério Fabbri, Eduardo Sganzerla, Rosemeri Tardivio (Fifi) formavam um todo sólido e irrepetível time naquela Gazeta Mercantil.
Dentre outros da sucursal de Curitiba.
4 – “GHOST WRITER”
Hoje, por vezes ligo o telefone para Nilson, ainda não o visitei em seu posto, numa assessoria especial do governador Beto Richa, no Palácio Iguaçu. Conversamos com frequência, mas não procurou nele o assessor- jornalista. Sua função lá é bem mais ampla que a de um assessor de imprensa especial.
Discreto, Nilson nunca me disse, mas acredito que ele é o ‘ghost writer’ do governador. Nada mais compreensível: toda autoridade de grande importância tem necessidade de comunicar-se com o cidadão em larga escala; e normalmente recorre a um ‘ghost writer’. É aquele que detém as linhas de pensamento da autoridade e escreve no lugar dela, por ela. Escreve discursos, pronunciamentos, manifestações especiais.
Acho, no entanto, que o trabalho de Nilson envolve um apoio contínuo ao governador, no preparo de ‘briefings”, especialmente de temas econômicos; em resenhas de opiniões e fatos que envolvam o Brasil e suas muitas facetas, numa economia em tempos difíceis. Por vezes, em suas análises deve abordar até temas internacionais.
5 – AMIGO DA FAMÍLIA
Mas mais que o jornalista, Nilson é um amigo ao lado de Richa. E, registre-se, um dos defensores incondicionais do atual Governo, o que muitas vezes lhe tem custado acirrados confrontos; às vezes com amigos fiéis, como, meses atrás, viu-se no ‘Bar do Padre’, o ponto de encontro de alguns maduros profissionais da imprensa e escritores.
Naquele dia, ele e outro jornalista, amigos nutridos em anos de sólida fraternidade e inúmeros vinhos e cervejas partilhados, quase se estapearam. Pelo menos, deram a impressão de que chegariam a isso, em meio a réplicas, tréplicas e gritaria – um torcendo, outro detonando Richa e sua administração.
6 – BAR DO PADRE, “PÉ SUJO”
Ah, chegamos ao ‘Bar do Padre’, um autêntico pé-sujo, localizado no Cajuru.
Ali, além de cerveja e petiscos ‘no ponto’, acolhem-se habitués fiéis, sendo Nilson um deles. Uma fauna humana diferenciada é atraída pelo clima nada sacral do endereço, mas com certeza acolhedor e estimulador do debate.
Na verdade, Nilson nem pede licença, vai direto à geladeira, serve-se.
“Tudo com moderação”, assegura um observador, amigo do jornalista que, no entanto, registra certas precauções de Nilson, que é diabético do chamado tipo juvenil:
“Às vezes, ele pode ser visto, discretamente aplicando insulina na barriga, antes de começar a sessão de salgadinhos e cervejas”. Estando acompanhado de um amigo médico, por exemplo, chegou, tempos atrás, ao detalhe de sugerir ao profissional da saúde “como agir, em caso de uma eventual crise hipoglicêmica”.
A crise não veio, felizmente.
7 – AMIGO DE FÉ
Mais do que assessor, Nilson é amigo da família Richa. Amizade, acho, que deve ter nascido diante de um episódio que poderia ter virado tragédia, segundo li em crônica do jornalista Paulo Briguet, de Londrina.
Aconteceu assim: José Richa, prefeito de Londrina e político em vertiginoso crescimento no mundo político do Estado, no final dos 1970, veraneava com os familiares em praia paranaense, com o filho Adriano, diabético juvenil.
O mocinho, de repente, foi ao chão, parecia desmaiado, faltava-lhe o pulso, suava frio. Nenhum médico por perto, nenhum auxílio à vista. Até que, como por milagre, apareceu Nilson Monteiro, com a solução “milagrosa”: uma coca-cola, a ser bebida por Adriano. O menino “ressuscito’. Tratava-se, explicou, de hipoglicemia, que mata, se o doente não receber açúcar em tempo.
Disso Nilson sabia, por experiência própria.
Dali em diante Richa e Nilson ficaram amigos. Dessas amizades sólidas.
A família Richa o tem em grande consideração, os laços com o pai político foram estendidos ao clã todo.
Há 3 anos, vi confirmada essa amizade e respeito: a família Richa, com o governador, Fernanda, os irmãos Richa, todos na Assembleia Legislativa do Estado para aplaudir Nilson que recebia a Cidadania do Paraná. (do volume 6 do livro Vozes do Paraná).
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