O que teremos é a apresentação de lideranças variadas e fieis em torno do presidente da República. Mas as igrejas chamadas de históricas não participarão.
31 de agosto de 2021 – Os evangélicos do Brasil, especialmente os pentecostais e neopentecostais foram responsáveis por 70% – ou mais – dos votos que Bolsonaro conseguiu em 2018. Quantos seriam os apoiadores do presidente, hoje, dentro desse “viveiro de votos”? Quem decide pelos crentes na hora de votar? A grande arregimentação que denominações pentecostais fazem em favor do encontro de 7 de Setembro com Bolsonaro é enorme.
Do resultado que entregarem as igrejas, ter-se-á ideia de a quanto anda o capital político do presidente com esse universo de centenas de denominações que se divididas por formas de governo, usos e costumes e doutrina. Não se poder falar em “a igreja evangélica brasileira”, como alguns usam, pretendendo identificar unidade. Não há unidade, há , sim, enormes diferenças entre elas. Por exemplo, a maioria dos pentecostais (ou quase todos) são visceralmente contra o aborto. Já a Universal admite o aborto em todas as circunstâncias.
Dia 7 veremos o quanto de poder de arregimentação mostrarão pelo Governo, através de lideranças como Rodovalho (Sara Nossa Terra), César Augusto (Fonte da Vida), Silas Malafaia (Vitória em Cristo) Estevam Hernandes (Renascer em Cristo), Cláudio Duarte (Recomeçar)…
O certo é que as igrejas históricas, como as batistas, a Metodista do Brasil, a Evangélica da Confissão Luterana, a Episcopal não exporão suas lideranças nessa manifestação política. Isso até porque têm visão crítica que as mantém longes de exibições de força, que os pentecostais hoje exibem, tal como a Igreja Católica fazia no Estado Novo, e no todo “reinado” de Vargas, para ganhar suas prebendas.
FORÇA RETÓRICA
Engana-se muito quem fala ou imagina existir uma igreja evangélica no Brasil. Até como expressão de retórica, em certos documentos eclesiais, é possível, em tons de exaltação, alguns pastores citarem “a igreja evangélica”.É hipérbole que deve parar por aí.
O que existe – e está bem claro nas recentes convocações de lideranças evangélicas para a manifestação de 7 de setembro em favor do presidente Bolsonaro – é um conglomerado, sem unidade, de igrejas amplas, médias, as, e microigrejas. Muitas são lastreadas em ampla autonomia, tudo se decidindo dentro de cada congregação. Essas são as de orientação congregacional (não dependem de um sistema central de comando).
O exemplo mais notável de igrejas de cunhos congregacionais está nas igrejas batistas. Ligam-se tão somente por meio de convenções que não têm qualquer poder administrativo sobre cada igreja local. Cada igreja é independente e autônoma.
AS EPISCOPAIS
Por outro lado, há as de cunho chamado episcopal, ou centralizador. Um bom exemplo delas é a é Igreja Universal do Reino de Deus, com enorme força centralizadora a partir do bispo Edir Macedo. Centralizadoras são também a Metodista do Brasil, a Episcopal, a Evangélica da Confissão Luterana, a Presbiteriana do Brasil , sob governo de bispos ou controle de seus sínodos.
A maior potência das igrejas evangélicas no Brasil, em termos numéricos de membros registrados, está nas assembléias de Deus. São várias, com marcas diversas: – Madureira, Belém, Missão, etc -, cujo controle, também ocorre localmente.
MALAFAIA
A Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo é pequena diante das suas co-irmãs, mas tem o líder evangélico de maior expressão hoje ao lado do presidente Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, tido e havido como “o verdadeiro dono dessa denominação”, tal o controle de cunho episcopal que sobre ela exerce. Analistas do fenômeno religioso dizem que Bolsonaro estaria diante de grandes perdas de capital político, do mundo evangélico. Será? Alguns notáveis, como o bispo Edir Macedo, estaria até agora esperando por resultados a favor de sua denominação por parte do Governo de Bolsonaro.No caso, uma intervenção forte junto ao governo de Angola, que expulsou todas as lideranças brasileira da IURD naquele país.