segunda-feira, 10 fevereiro, 2025
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Morre Henry Kissinger, cérebro americano da Guerra Fria

Meio e Politico – Morreu aos 100 anos, na noite desta quarta-feira, Henry Kissinger, que, como um dos mais influentes secretários de Estado dos Estados Unidos, moldou — para bem e para mal — a política mundial da segunda metade do século 20. Ao mesmo tempo em que arquitetou a saída dos EUA do Vietnã – o que lhe valeu um controverso Nobel da Paz –, a aproximação com a China comunista e a distensão com a União Soviética, sustentou ditaduras em países da esfera de influência dos EUA, em particular o golpe sanguinário no Chile, em 1973.

A causa da morte não foi divulgada. Heinz Alfred Kissinger nasceu na Alemanha em 1923 em uma família de judeus ortodoxos que conseguiu fugir para os EUA em 1938. Voltou à terra natal, já com o novo nome, como soldado aliado do setor de inteligência. No pós-guerra foi aluno e depois professor da Universidade de Harvard e consultor dos presidentes Eisenhower, Kennedy e Johnson, sob o qual começou discretas negociações para tirar os EUA do Vietnã.

Não simpatizava com Richard Nixon, republicano anticomunista eleito presidente em 1968, mas logo se tornou seu assessor para assuntos internacionais, jogando para escanteio o secretário de Estado oficial, William Rogers, que finalmente substituiu em setembro de 1973. Com Nixon, sua política externa foi pragmática. A prioridade era sair do Vietnã, mas não antes de 1972, quando a “derrota” poderia custar a reeleição do presidente. A paz foi assinada em janeiro de 1973 — a guerra continuou sem os americanos, e o Vietnã se tornou todo comunista dois anos depois.

Seu Nobel da Paz pelo acordo foi questionado principalmente por conta dos bombardeios indiscriminados sobre Hanoi, a capital norte-vietnamita. Um de seus grandes êxitos foi a reaproximação com a China, culminando com a visita de Nixon a Pequim em fevereiro de 1972. E ainda distendeu as relações com Moscou, levando a uma série de tratados de desarmamento nuclear.

Mas a Guerra Fria ditava todos os seus passos. Em setembro de 1973 deu sustentação ao golpe militar que depôs e levou à morte o presidente chileno Salvador Allende. “Não vejo por que ficar parado vendo um país se tornar comunista devido à irresponsabilidade de seu povo”, disse na época.

Kissinger foi um dos poucos auxiliares de Nixon a sobreviver ao escândalo de Watergate e à renúncia do presidente em 1974 e continuou no cargo no interregno de Gerald Ford. Com a derrota deste nas eleições de 1976, deixou o governo, mas permaneceu até a morte uma das vozes mais influentes sobre a política externa dos EUA.

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