
Neto de Ney Braga, filho de Silvia Braga e Oscar Alves, o professor de Finanças Públicas da Akron Univesity, de Ohio, Estados Unidos, Marcos Vinicius relata à coluna as dificuldades para preservar o Memorial Ney Braga, o modernizador do Paraná.
Faz reclamações pesadas contra o ex-prefeito Paulo Furiatti e lembra que a Itaipu Binacional fez doação em dinheiro para a preservação do Memorial, naquele espaço na cidade “Legendária”. Mas que resultou em nada, até agora. Leia a entrevista:
COMO ESTÁ RESTAURAÇÃO DO MEMORIAL NEY BRAGA?
Quase seis anos após a paralisação das obras de restauração do Memorial Ney Braga durante a gestão do prefeito Paulo Furiatti, a Prefeitura da Lapa lançará em breve o edital de licitação que garantirá a conclusão dos reparos necessários para a reabertura para o público da casa aonde nasceu o ex-governador Ney Braga. Inaugurado em 2005 no centro histórico da Lapa pelo então governador Roberto Requião, o memorial guardava cerca de dois mil itens que detalhavam a seus visitantes a trajetória política e pessoal de Ney.
Em 2009, a Prefeitura Municipal chegou a receber recursos da Itaipu Binacional para a restauração do imóvel tombado e pertencente ao patrimônio histórico municipal. Sem as autorizações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e da Curadoria do Patrimônio Cultural do Estado, as obras chegaram a ser iniciadas por uma empresa que não possuía registro no Conselho de Arquitetura e Urbanismo, mas foram paralisadas após ação civil ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Paraná devido a irregularidades.
MAS, AFINAL, QUEM SE INTERESSOU EM SALVAR O MEMORIAL?
Diante do descaso de Paulo Furiatti, não somente com o Memorial Ney Braga, mas também com outros imóveis históricos da Lapa, o ex-prefeito Sérgio Leoni começou uma campanha junto a autoridades estaduais e federais para que medidas concretas fossem tomadas para a sua preservação. A família de Ney Braga foi convidada a colaborar com aquela campanha, mas qualquer boa vontade demonstrada na busca por soluções para a preservação do centro histórico da Lapa era frustrada pela falta de um levantamento técnico sobre a real situação do patrimônio municipal.
QUEM MANTEVE A CHAMA ACESA?

Com o início da gestão da prefeita Leila Klenk, tomou-se ciência da dimensão assustadora dos resultados da falta de atenção do prefeito anterior com a manutenção do patrimônio histórico da cidade. Aquele ano foi também marcado pelo falecimento de Sérgio Leoni, um dos responsáveis pelo tombamento como patrimônio histórico e cultural de todo o centro da Lapa. Mas os familiares de Sérgio não se deixaram abater pela perda daquele saudoso lapeano e, através do Instituto Sérgio Leoni, deram continuidade à campanha liderada por ele.
Uma administração municipal mais transparente e disposta a colaborar com as outras esferas do poder público fez com que os primeiros resultados logo aparecessem. A Secretaria de Estado da Cultura, criada por Ney em 1979, assumiu a responsabilidade da elaboração do projeto arquitetônico para restauração da Casa da Memória, conhecida também como Casa dos Cavalinhos, e do Memorial Ney Braga. Os projetos complementares ficaram sob a responsabilidade, respectivamente, da Prefeitura da Lapa e da família de Ney Braga.
O GOVERNO DO PARANÁ SE IMPORTA COM O MEMORIAL?
A Secretaria de Estado da Cultura assumiu também, por meio da equipe do Museu Paranaense, a guarda das peças do Memorial Ney Braga, realizando um cuidadoso trabalho de conservação, identificação e listagem de placas, troféus, medalhas, comendas, diplomas, documentos, fotos, entre outros. Em 2014, o museu abriu a mostra “Ney Braga – Acervo Pessoal e Político”, que possibilitou ao cidadão paranaense conhecer mais um pouco da verdadeira história de um político que buscou na comunidade acadêmica um grupo de jovens administradores públicos e técnicos que modernizaram a economia do Paraná na década de 60.
HÁ OUTRAS FRENTES DE LUTA DA CIDADE?
Sim, a luta dos lapeanos ainda não acabou. A nova campanha do munícipio tem como objetivo a reativação do hospital construído pelo embaixador Hipólito Pacheco Alves de Araújo e sua esposa Amélia. Na parte de trás do hospital existe um anexo. Parte desse anexo foi construído durante o segundo governo de Ney Braga. O espaço pertence atualmente ao governo estadual, mas a prefeita Leila Klenk solicitou a sua doação para o município já que isso a ajudaria na obtenção de financiamentos e recursos de emendas parlamentares. Tenho certeza de que os lapeanos se unirão novamente em torno dessa nova e mais que justa reinvindicação.
CITE ALGUMAS PROVAS DO AMOR DE NEY PELA LAPA…
Vou relembrar aqui duas passagens que demonstram como a Lapa sempre esteve próxima do coração de Ney Braga. A primeira passagem foi narrada por Carlos Pedro Kaled em A Tribuna Regional do dia 21 de julho de 2011.
Quando Ney Braga era ministro da educação, foi-lhe entregue pessoalmente uma solicitação para a construção de um colégio polivalente no município da Lapa. Kaled lembra que colégios polivalentes ofertavam cursos com formação profissionalizante desde o 1º grau. Ney Braga respondeu prontamente: “Isto está feito!”
A segunda passagem é contada por Silvia, filha de Ney. Quando era candidato a governador em 1960, Ney teve de firmar um inusitado compromisso político. Sua mãe, Semiramis Braga, lhe solicitou que, se eleito, asfaltasse a estrada que ligava a sua querida Lapa a Curitiba.
Como Ney sempre foi um homem de palavra, inaugurou o trecho asfaltado antes de deixar o cargo de governador para a assumir o Ministério da Agricultura.