1 | Nos últimos dias, novas grandes perdas para Curitiba, com a morte do pediatra e professor emérito da UFPR, Izrail Cat, 90.
Ele se tornou essencial na formação de dezenas de formação de médicos no mais respeitado curso de Medicina do Paraná, além de ter, como pediatra, acompanhado milhares de paranaenses nos seus primeiros anos de vida.
As opiniões sobre Cat são eloquentes, não fogem de adjetivos como “grande mestre”, “exigente professor”, e “um sábio”.
Para mim, foi surpresa saber que Cat foi enterrado num cemitério não judaico.
Ele vinha de ampla descendência judaica, os pais chegados da Europa ao Brasil.
O enterro segundo o ritual judaico e a guarda de restos mortais (jamais cremação) em local da comunidade religiosa, é preceito quase sempre seguido à risca por esses descendentes de Abrão.
2 | A outra perda sentida no mundo empresarial e especialmente nas gerações mais velhas de paranaenses, que se formaram com apoio desse livreiro, foi a morte de Valentim Pedri.
A missa de sétimo dia dele ocorreu anteontem. Ex-religioso marista nos primeiro anos da mocidade, Valentim era um ser humano afável, pacificador, grande capacidade de trabalho e uma visão comercial aguçada.
Desses elementos eu mesmo dou testemunho, pois conheci Valentim no ano de 1955, quando ele fundou, com Eugênio Szezech (advogado e dono de enciclopédicos conhecimentos, com incursões pelo mundo da Física, ‘in memoriam’) a Livraria Paraná. Ficava no térreo do Edifício Augusta, na Rua Dr. Murici com Rua das Flores.
A Livraria Paraná rompeu com o quase “monopólio” que então Dude Ghignone e seu pai, José Ghignone, mantinham, com as Livrarias Ghignone.
As prateleiras, de início, não tinham grandes variedades de livros. Mas prevaleciam os de qualidade, num tempo em que essa ‘praga da autoajuda’ praticamente se limitava a Dale Carnegie e Norman Vicent Peale. E já era o suficiente.
3 | A Livraria Paraná tornou-se rapidamente um ‘must’ para faixas de intelectuais e professores. Uns quatro anos depois, a dupla Eugênio e Valentim estabeleceu-se no térreo do antigo Clube Curitibano, da Rua Barão do Rio Branco. Acho mesmo que os dois chegaram a ter alguma sociedade com o então livreiro (Livrobras) muito respeitado que era Ocyron Cunha, depois reitor da UFPR, notabilizado pela correção pessoal e empenho em ampliar o alcance da Federal.
O grande salto de Valentim ocorreu quando ele criou, nos anos 70s, as Livrarias Curitiba, hoje uma rede de livrarias com respeitada presença em grandes centros do país. Elas são boas testemunhas de quanto o esforço e a dedicação daquele moço simples dos anos 50 foram frutíferos.