Quem o conheceu sabe como ele era. Em todos os sentidos, era um homem elegante. Um contador de casos. Como bom mineiro, gostava de uma prosa e de café quente. Sempre muito meticuloso, tratava dos negócios à moda antiga. Nada de computador. Tudo feito à mão ou na máquina de escrever.
Tinha várias, e as conservava como joias. Assim, também, fazia com seus automóveis. Todos que teve, sempre impecáveis. Esse modo de ser se refletia no trato com os filhos. Sempre austero, sem dar muita chance para o que julgava exageros da juventude. Nada de carro. Dinheiro contado.
Horário rígido. Muito português no modo de educar. Com a idade, já com seus oitenta, mudou. Abandonou a rigidez. Com sabedoria dos velhos, esqueceu tudo que poderia significar mágoa, rigor desnecessário, julgamentos tolos. Não abandou o amor pelo Atlético Paranaense. Não ia mais aos jogos. Não queria correr o risco de sair triste do estádio. Mas não abandonou o cuidado com as coisas e os negócios. Sabia de cada coisa, de cada data de vencimento das suas contas. Morreu lúcido até quando os remédios permitiram. Deixou muito a se contar e a se rir das suas histórias e acontecimentos da vida.
ANTONIO CARLOS DA COSTA COELHO, filho de Carlos da Costa Coelho.