Hoje, quarta, na Livrarias Curitiba do Shopping Estação, uma multidão de amigos e admiradores do poeta Manoel de Andrade esteve no lançamento de seu livro mais recente, Nos Rastros da Utopia, Uma Memória Crítica da América Latina nos anos 70.
Trata-se de um depoimento de um viandante obstinado por um sonho que o levou a percorrer toda a América Latina fazendo de sua poesia política uma bandeira inabalável de luta.
Manoel atravessou 16 países, e em cada um deles ficava de dois a três meses. Ao chegar detinha-se, inicialmente, semanas, encerrado em bibliotecas, lendo sobre História, Literatura e Arte do país. Depois passava a dar recitais, palestras e promover debates sobre a importância do engajamento do escritor e do artista em uma época marcada pelo compromisso ideológico com a História.
AMPLO INVENTÁRIO DE UM TEMPO
Seu livro, com 912 páginas, é um extenso inventário de um tempo em que se repartia, com paixão, a vocação solidária por um mundo melhor. Um testemunho colhido passo a passo, numa interlocução profundamente crítica com um tempo marcado por muitas convulsões sociais e políticas. Sua postura rebelde, como poeta, foi assinalada com precisão pelo escritor Jamil Snege, em 2002. Do texto de Jamil, estas linhas precisas:
“Manoel de Andrade não pegou em armas. Nem respirou o ar clandestino das reuniões secretas. Manoel de Andrade fez algo muito mais perigoso:
empunhou a palavra e com ela subiu aos palcos, elevando a sua indignação de poeta contra a espessa noite que desabava sobre nós…”