sexta-feira, 28 março, 2025
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“Mamonas”: ator fala sobre Rick Bonadio e histórias sobrenaturais

Por André Nunes – O aguardado “Mamonas Assassinas – O Filme“, dirigido por Edson Spinello, estreou em 28 de dezembro e já passou a marca de R$ 4 milhões em bilheterias, mesmo diante de estreias como Aquaman 2 e Wish, da Disney. Os dados são da ComScore no período entre 28 de dezembro de 2023 e 1º de janeiro de 2024.

A alta procura do público revela como a banda permanece querida no coração do Brasil, quase 30 anos após sua carreira meteórica e o trágico acidente que os vitimou em 1996. O Mural do Paraná assistiu ao filme na cabine de imprensa e conversou com o ator, humorista e apresentador Ton Prado, que vive o produtor musical Rico Costa (personagem com trajetória livremente inspirada na do produtor Rick Bonadio).

Confira a entrevista exclusiva:

Como foi o processo de seleção para o papel?

Para a seleção, eu não mandei material. Recebi um convite pra teste do Jarbas Homem de Mello (ator de musicais e marido de Claudia Raia), que interpretou o pai do Dinho. Ele pediu para que eu enviasse o meu material, depois pediram que eu fizesse um teste de vídeo básico, ainda sem informar que era para o filme. Me pediram que gravasse um roteiro que motivasse as pessoas em ver esse vídeo, depois outro vídeo, e só então abriram a informação falando que era sobre os “Mamonas”, que seria para o personagem do Rick Bonadio.

Depois disso, me passaram cinco páginas do roteiro do filme, e falando que eu teria que decupar isso, colocar todas essas falas do personagem, do Rick Bonadio, em uma fala única. Gravei esse vídeo de casa mesmo, como se eu estivesse falando com os Mamonas, e interpretando esse outro jovem, que ele era considerado o “sexto mamona”, só que mais responsável, porque era um produtor musical. Como se fosse o irmão mais velho…

Então recebi as informações de como teria que ser esse teste, gravei e enviei para o pessoal de São Paulo, passou pela aprovação da Total Filmes (a produtora) e da TV Record, e fui selecionado.

Divulgação

Além do filme, vai ter uma série dos Mamonas?

Sim, vai ter a série. Gravamos o filme e a série simultaneamente. A gente tinha dois roteiros, um que a gente sabia que ia para o filme, outro roteiro que era para a série.

Por exemplo, as cenas que eram continuidade de alguma coisa do filme pra série, a gente gravou no mesmo dia. Então, vai ter um novo produto vindo aí, para a Sony Channel, da Sony Entertainment, e para a Record, na TV aberta. A gente não tem data ainda, mas provavelmente estreia ainda este ano.

Como foi a mudança de nome do seu personagem?

No roteiro tinha o nome dele, Rick Bonadio. Quatro dias antes de eu começar a gravar, descobri que iria se chamar Henrico Costa e apelidado como Rico. Cheguei a perguntar para a produtora, e disseram que o Rick Bonadio tinha lido o roteiro e preferiu tirar o nome dele. Então eles iriam respeitar.

Esses dias, o Bonadio soltou um vídeo explicando porque que não é o nome dele no filme. Ele fala que a história que ele viveu com os Mamonas Assassinas não é a história contada no filme, que quando ele leu o roteiro, resolveu tirar.

Mas ele foi gentil, por mais que tenha dito que a história do personagem não tem similaridade com a história dele, na vida real, ele achou o filme divertido e convidou as pessoas a assistirem. Vale lembrar que a proposta do filme não é fazer uma biografia da banda, mas uma ficção baseada nas histórias dos Mamonas e de outros personagens.

Surgiu a dúvida se o seu personagem seria uma “fusão” entre o Rick e o Samy Elia, empresário da banda…

Divulgação

Até tem uma fala em que eu comentou sobre o Samy Elia. O Samy era o empresário deles na época, hoje é o empresário da Gloria Groove. Algumas pessoas acham que o meu personagem está “condensando” o papel de produtor e empresário, mas não é isso.

Em uma cena do filme, os Mamonas perguntam se eu seria o empresário da banda. E eu falo: “não, não vou ficar correndo atrás de valor, de hotel, atrás de passagem de primeira classe. Deixa que o Samy faz isso. Eu sou o produtor musical.” Então essa fala reforça que o personagem que eu faço é só o produtor musical mesmo…

Como foi a preparação e a gravação?

A gente ficou um mês fazendo preparação de elenco, todo mundo junto. Vivemos praticamente todos os dias indo para Guarulhos, que é a cidade dos meninos. Toda a nossa experiência de preparação de elenco foi na cidade dos Mamonas Assassinas. A gente chegava de manhã, fazia preparação, saía pra almoçar junto, voltava, preparação. E no final da tarde acabava a preparação e a gente ia embora.

Ficamos bem amigos. O elenco ele nunca se separou, nem nos intervalos. A gente batia o texto antes de gravar a cena, passava uma única vez e já gravava. Não tivemos aqueles tempos prolongados que normalmente existem na televisão. Nossas relações foram curtas e diretas.

Vou falar cinco pessoas com que fiquei muito amigo, que são o Ruy Brissac, que faz o Dinho, o Rhener Freitas, que faz o Sérgio Reoli. O Beto Hinoto, que é sobrinho do guitarrista da banda. E também do Robson Lima, que faz o Júlio. A gente se encontra de sair juntos. Tirando eles, tem duas meninas também que me aproximei muito: a minha namorada no filme, a Nadine Gerloff, e a Fefe Schneider, que faz a última namorada do Dinho.

Como está sendo a repercussão do filme?

Mamonas Assassinas – O Filme. Divulgação

Acho que as críticas pesaram muito. A gente já sabia que ia acontecer isso durante as gravações. Já teve vários haters, que eram muito fãs da banda, e criticaram logo que sairam as primeiras fotos, comentando sobre detalhes e figurino. Então a gente já entendeu que iria enfrentar essas coisas…

O que surpreende é o seguinte: tem muitas críticas boas, mas tem bastante críticas ruins, dizendo sobre os picotes do filme, sobre o não entendimento em várias cenas… Mas foi um compilado muito grande da história dos meninos para o tempo de filme.

Para mim, o melhor feedback é de quem vai ao cinema, quem paga o ingresso, e estamos recebendo muitas mensagens positivas. São pessoas que não conheço, nunca vi na vida, falando sobre meu personagem e agradecendo. Acredito que esse é o melhor “boca a boca”.

Outro fato curioso, que acho que explica o tamanho da bilheteria do filme, é que ele une gerações diferentes indo ao cinema. Tem as pessoas que eram fãs da banda na época, e tem os filhos e sobrinhos dessas pessoas, que sempre os ouviram cantando as músicas, acham engraçado e querem conhecer a história dos Mamonas. E também bastante criança! Eu e o Rhener Freitas, que interpreta o Sergio Reoli, fomos em uma sessão de estreia no dia 28 de dezembro, e estava cheia de crianças. Uma menina, de uns oito anos, estava com camiseta dos Mamonas e disse que era super fã. Isso nos surpreende muito!

E sobre os fenômenos sobrenaturais que aconteceram nas gravações do filme?

Mamonas Assassinas: filme biográfico e bastidores 'sobrenaturais'
Parte do elenco do filme: Ruy Brissac, Rhener Freitas, Murilo Bispo, Adriano Tunes e Beto Hinoto. Foto: Reprodução/Twitter

Fiquei sabendo que aconteceu várias outras coisas, mas dois fatos aconteceram comigo. No primeiro dia de preparação de elenco, não tinha sido tocado ainda os instrumentos nem as músicas, os instrumentos originais já estavam na sala, por alguns dias, e quando a gente pegou os instrumentos para poder fazer a passagem de som, começou a chover muito e caiu a energia do ginásio, do espaço onde a gente estava. Apagou tudo e só voltou quando terminou a música. A gente achou muito curioso, parecia um sinal. O tempo de chuva forte durou exatamente os três minutos da música.

Depois disso, nos dois últimos dias de gravação, a gente também estava gravando as cenas principais, dos shows, e choveu durante horas, a ponto de ter que parar a gravação. Nisso também acabou a luz, mas ficou apenas uma luz verde acesa em cima do palco, batendo bem na direção do microfone. E não era luz de gerador! Como é que fica apenas uma luz acesa sendo que acabou a energia do local?

Nesse mesmo momento em que acabou a energia do estacionamento, quando retornou a luz, tinha uma luz piscando sem parar exatamente em cima da Brasília Amarela original, que estava lá para gravar algumas cenas.

São sinais que, se parar para prestar atenção, têm uma simbologia bonita. A gente já não encarou isso como um problema, e sim como sinais de alegria com tudo que estava acontecendo.

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