terça-feira, 3 dezembro, 2024
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LITERATURA DO PARANÁ: DE 1853 AOS DIAS DE HOJE NO ‘RAIO X’ DE PUGLIELLI

 

1 | Não tenho receio em dizer que é imperdível a todos os que se interessam pela literatura do Paraná a análise que o mestre Hélio de Freitas Puglielli (acima) faz para a edição de fevereiro do Jornal Universidade, publicação mensal que é distribuída gratuitamente em diversos campi (PUCPR, FAE, FAG-Cascavel, Espíritas) e em Livrarias como a do Chain, Paulus e Vozes. A edição tem a assinatura do Instituto Ciência e Fé

2 | Com a costumeira habilidade em examinar temas controversos, Puglielli, professor aposentado da UFPR e PUCPR, faz uma grande angular sobre os caminhos percorridos por nomes da literatura do Paraná.

A abordagem começa pelo século 19, nos dias da Emancipação Política do Paraná, e chega aos dias hoje. Cita dezenas e dezenas de nomes, ligando-os às suas obras e a momentos da vida cultural do Estado.

Na poesia, por exemplo, refere-se a vários, mas credita apenas a Helena Kolody – uma presença nacional. 

3 | Os cadernos literários de O Estado do Paraná, de O Dia e depois o DP-Domingo, do Diário do Paraná, são registrados na análise como essenciais para tirar a radiografia do meio literário paranaense, pelos papéis que exerceram ao acolher literaturas e literatos. Gente como Paulo Leminski, por exemplo.

 A análise de Puglielli não deixa de mencionar os pretensos literatos, aqueles que “enfeitavam” saraus literários, apresentando suas criações em ‘clubes de elogios mútuos’. A prática perdurou até boa parte do século passado, assinala.

 

Ernani Buchman, Cassiana Lacerda, Jamil Snege

4 | Eis um trecho do precioso trabalho de 10 mil caracteres, que estará no Jornal Universidade, a partir do final deste mês: 

“A literatura no Paraná (ou pelo menos em Curitiba) estava se voltando para um compromisso político-ideológico quando o processo foi estancado com o desaparecimento de ambas as páginas culturais e a guinada sofrida pelo Brasil em 1964, mas tudo mera coincidência, pois nenhuma relação houve entre os dois fatos.

Na longa noite que se estabeleceu então na vida cultural, inicia-se a “resistência” nos bares, com os poetas Antonio Thadeu Wojciechowsky, Marcos e Roberto Prado, Edu Hofmann, Reinoldo Atem, Geraldo Magella, Alberto Cardoso, Batista de Pilar e outros, incluindo Manoel de Andrade, levado pelos acontecimentos a se refugiar em outros países da América Latina.” 

5 | “Nesse ambiente boêmio, destaca-se aquele que viria a se tornar o ícone da moderna literatura paranaense, o controverso Paulo Leminski. Ele e outros, na época, participaram do novo espaço cultural do DP, sob a coordenação do jornalista Aroldo Murá.”

E mais adiante diz Puglielli: Década após década, novos valores vão se afirmando, como Manoel Carlos Karam, Luiz Felipe Leprevost e outros.

Paralelamente, a literatura vai florescendo nos meios universitários, como antes floresceu nas redações dos jornais e nos bares. Cristóvão Tezza, Roberto Gomes, Cassiana Lacerda, Luci Colin, Paulo Venturelli, Miguel Sanchez Neto, Marcelo Sandmann, Ivan Justen Santana, Rogério Galindo, Oto Wink, Assionara Souza, todos estão de uma forma ou outra ligados à Universidade, quer pelo exercício do magistério, quer pela graduação ou pós-graduação em Letras.”

Luiz Manfredini, Otto Wink, Rogério Galindo

6 | “Nomes muito significativos estão ligados ao exercício de outras profissões, como o juiz Sérgio Rúben Sossela, os publicitários Jamil Snege, Ernani Buchmann e Rui W. Capistrano, o advogado João Manuel Simões, a advogada Adélia Woellner, o promotor Noel Nascimento, o cineasta Valêncio Xavier, enquanto o engenheiro Luiz Carlos Tourinho dedicou-se a recontar a história do Paraná, pela ótica de suas memórias. Como biógrafo destacaram-se também Túlio Vargas e o jornalista Luiz Manfredini, além de outros livros, é também autor de memórias, enfocando os “anos de chumbo”. 

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