Uma das vozes mais lúcidas da sociedade científica abrangente, o biogeógrafo Jared Diamond parece hoje alguém que clama no deserto. Na semana passada, por exemplo, em ampla entrevista ao Estadão, ele foi realista, jamais alarmista. Disse que a humanidade tem de estar preparada para o surgimento de novas pandemias e ampliação da atual, que, admitiu, a muitos ainda abaterá pela cepa Delta.
O biogeógrafo, uma das melhores cabeças pensantes do século e dos Estados Unidos, vê com muita reserva a ampla abertura que os países começaram a promover nos últimos dias, depois de certo percentual de suas populações vacinadas contra a Covid. Acha que é cedo para tais ações. Entre os apressados, claro que enxergou o Brasil…
Na entrevista, Jared Diamond não citou o caso de Israel, que só começa a se revelar nesta semana, dias depois das declarações do biogeógrafo. Lá, está nos noticiários do dia 12-8, embora com 80% de vacinados de sua população, o país volta a decretar fortes restrições. Mobilidade humana, comércio, trabalho, escolas, lazer, esportes, tudo começa a ser fechado novamente numa das sociedades mais avançadas, enfim. Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir…
JARED DIAMOND
Jared Diamond é autor, também pela Record, dos livros Colapso, O terceiro chimpanzé e O mundo até ontem. Professor de geografia da Universidade da Califórnia (UCLA), iniciou sua carreira científica em fisiologia ampliando seu campo de pesquisas para biologia evolutiva e biogeografia. Membro da Academia Americana de Artes e Ciências, da Academia Americana Nacional de Ciências e Sociedade Filosófica americana, recebeu bolsa de estudos da fundação MacArthur e diversos prêmios, como o Prêmio Burr, a Medalha Nacional de Ciências, o Prêmio Tyler de Conquista Ambiental, o Prêmio Cosmo do Japão e o Prêmio Lewis Thomas. Armas, germes e aço foi vencedor do Prêmio Pulitzer de 1998.