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Igrejas influenciam pouco na hora do voto (1)

23 de outubro de 2017 – Nesta segunda-feira, 23, o jornalista Fábio Campana, referência em análise política paranaense, me chamava atenção para a Pesquisa da DataFolha, que a Folha de São Paulo divulga sobre até quanto as lideranças religiosas podem influenciar o voto de seus rebanhos.

Dos ouvidos, 8 em cada 10 deles garantem não se deixar influenciar por esses líderes, padres e pastores. Embora, no segmento neopentecostal os seguidores da Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, em percentual alto, 31%, garantam seguir a orientação eclesiástica.

Campana sabe que minha concentração de estudos em torno da sociologia religiosa, etnografia religiosa e antropologia é enorme; por isso, faz alguns comentários sobre a pesquisa e me relata o quanto abordou ultimamente em seu blog sobre o tema, especialmente pentecostalismo e eleições.

“ONDE A LUTA SE TRAVAR”

Curiosamente, na manhã deste dia 23 eu terminava leitura de uma preciosidade de estudo de sociologia e história das igrejas Assembleia de Deus do Brasil. Trata-se do livro “Onde a luta se travar”, do doutor em História pela UNESP e pastor assembleiano paulista Maxwell Fajardo.

96-onde a luta se travaTanto o autor quanto o livro (Editora Prismas) são sopro de benfazeja renovação.

O autor porque nos mostra que há – ao contrário do que se acredita – nome de alguém academicamente bem preparado nessa denominação pentecostal (a segunda criada no Brasil, em 1911, logo depois da Congregação Cristã do Brasil); e o autor porque mergulha na vida das assembleias de Deus, especialmente a partir dos passos históricos dados pelos dois suecos que criaram a Assembleia de Deus (inicialmente, assim, sem os posteriores adjetivos que as cisões com a igreja mãe foram adicionando).

Vai mais, o autor: aprofunda o exame de contradições e desencontros dentro da denominação que, muitas vezes, geram brigas de chamados Ministérios por questões espaciais (ocupação de endereços próximos.)

ASSEMBLÉIA COM RATINHO?

Já sabia, há anos, que as assembleias de Deus não formam bloco monolítico, de orientação única e de obediência a uma central de fé, como a Igreja Católica com o papa e os bispos e suas paróquias, ordens e congregações. O catolicismo é fundamentalmente de estrutura episcopal; as assembleias podem ter, algumas, dimensão parecida com a episcopal (bispos ou presidente); boa parte delas é congregacional.

Assim, quem apoiou Ratinho para o Governo, em reunião de dias atrás, foi a Convenção Paranaense, ligada à Convenção Brasileira. Isso quer dizer: só uma parte dos assembleianos paranaenses poderá ficar com Ratinho em outubro de 2018. E desses, apenas 2 em cada 10 membros tenderão a seguir a orientação de seus líderes, dentre os quais avultam nomes como o deputado Takayama, e o deputado federal Francisquini.

Dos 12 milhões de brasileiros que se filiam às assembleias de Deus, os paranaenses seriam prováveis 500 mil. Número que o próximo Censo do IBGE deverá confirmar ou não.

(SEGUE).

Assembleia de Deus, Curitiba, Av.Cândido de Abreu
Assembleia de Deus, Curitiba, Av.Cândido de Abreu
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