quarta-feira, 21 maio, 2025
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Histórias de restaurantes & comidas (parte 2)

Por Eloi Zanetti – O Bamerindus havia incorporado uma pequena rede bancária em São Paulo, pequena mas com uma carteira de clientes de alto poder aquisitivo. Uma delas situava-se na rua Estados Unidos no Bairro Jardins. A agência era decorada com tapetes persa, quadros de pintores famosos e atendimento VIP. Logo que tomou posse, o caipirismo bamerindiano mandou tirar todas aquelas “frescuras” e o resultado foi drástico. Os clientes, sentidos com a ofensa, começaram a fechar suas contas. Com a carteira minguando fomos chamados para tentar arrumar a situação, isto é, voltar a agradar os antigos clientes e estancar a fuga de depósitos.

Vitualhas e Libações para resgatar a dignidade de uma agência bancária

Entre as ações promocionais propostas estava a realização de encontros e palestras que atendessem ao gosto dos moradores da região. Era a tal relações públicas. Fizemos diversos encontros, sempre com bons resultados e um deles foi uma palestra do jornalista Silvio Lancelotti que versava sobre os assuntos da “boa mesa” – ele escrevia sobre gastronomia em jornais e revistas.

Silvio Lancelotti, jornalista esportivo, morre aos 78 anos em São Paulo
Silvio Lancelotti, jornalista

Com o apoio do Sergio Mercer marcamos uma reunião para passar o briefing e o local escolhido foi o sofisticado restaurante Massimo na Alameda Santos. A casa era frequentada pelos figurões da época, tanto é que o ex-ministro Delfim Netto manteve lá uma mesa cativa, a de número 12, por quase trinta anos. O Mercer deu o esquisito nome para o evento de Vitualhas e Libações (procure o dicionário para saber do que se trata).

A reunião começou por volta das 11 horas e só terminou no final da tarde depois de muita conversa e uma sequência de pratos refinados, ordenados pelo Lancelotti. A cada prato servido ele dava uma explicação histórica e gastronômica sobre a iguaria. O Sergio, como bom conversador e excelente gourmet, replicava com a sua costumeira elegância, dando mais sabor à comida e à conversa. A magnífica aula sobre a culinária italiana era acompanhada de vez em quando pelo simpático dono da casa, o senhor Roberto Massimo.

A conta, é claro, ficou alta, mas quem pagou foi o Bamerindus.

Leia mais:

Histórias de restaurantes & comidas (parte 1)

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