domingo, 6 julho, 2025
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HAVAN: UM IMPÉRIO EDIFICADO COM A AJUDA DO DINHEIRO PÚBLICO

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Hoje com 147 lojas em 18 Estados, a marca de Luciano Hang nasceu como um pequeno atacado de tecidos em Brusque (SC)

 

Do Alerta Paraná

Poucas marcas se popularizaram tanto nos últimos anos quanto a da rede de lojas Havan, uma espécie de novo símbolo de sucesso do meio empresarial brasileiro. O império, formado por 147 lojas em 18 Estados, possui tentáculos firmes em Cascavel, onde atende em dois imponentes endereços: no prédio da antiga HM, na Avenida Brasil, e em outro levantado do zero na confluência da BR-277 com a Avenida Tancredo Neves.

O que a maioria das pessoas não conhece é o roteiro de tamanho sucesso. Tudo começou em junho de 1986, quando a Havan nasceu como um pequeno atacado de tecidos em Brusque (SC), e seu nome nada mais é do que a junção das sílabas iniciais de seus dois fundadores, Luciano Hang e Vanderlei de Limas.

Limas (assim mesmo, com s) não é mais sócio da empresa desde os anos de 1990, enquanto Hang virou megaempresário e personagem importante dos bastidores da política nacional. Também conhecido como “véio da Havan”, embora só tenha 57 anos de idade, ele voltou às manchetes neste fim de semana depois que sua conta no Twitter foi derrubada, junto com várias outras, por determinação do STF (Supremo tribunal Federal) sob acusação de disseminar notícias falsas e propostas antidemocráticas.

VERSÃO X FATO

Carismático, Hang virou um garoto propaganda de seu próprio negócio condenando a intervenção do Estado na economia. Soube-se agora, graças a um trabalho dos jornalistas Guilherme Waltenberg e Gabriela Vinha (site Metrópoles) com  a ajuda da Lei de Acesso à Informação, que o Estado tem sido um forte aliado na expansão de sua rede.

EMPRÉSTIMOS DO BNDES

De acordo com o levantamento, repercutido por vários outros veículos de comunicação, entre 1993 e 2014 Luciano Hang turbinou seu negócio com nada menos que 55 empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), do qual obteve, em valores atualizados, mais de R$ 72 milhões utilizando como intermediadores Banco do Brasil, Badesc e os privados Bradesco, Itaú, Safra e J. Safra. Para se ter uma ideia do que isso representa, desde 2005 o BNDES fez 24 empréstimos ao Magazine Luiza, 14 às Lojas Americanas e apenas três às Lojas Renner.

Segundo o banco de dados do BNDES, Hang contratou uma média de 1,6 empréstimo por ano desde a fundação da empresa. O maior volume, equivalente hoje a R$ 33,9 milhões, foi obtido entre 1993 e 1997, ao longo das gestões Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

GOVERNOS PETISTAS

Mas nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, rotulados pelo empresário catarinense de comunistas, o BNDES também foi generoso com ele, concedendo nada menos que 50 empréstimos, embora em valores mais baixos. Esse, aliás, foi o período de maior expansão da Havan, que saltou para 57 lojas e um faturamento anual declarado de R$ 2 bilhões.

Em tempo: os empréstimos obtidos por Hang não são ilegais nem imorais, ao contrário, pois uma das funções dos bancos públicos é justamente fomentar o desenvolvimento empresarial, mas foram sempre negados por ele e vieram à tona agora por conta de seu ativismo político.

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