quarta-feira, 22 janeiro, 2025
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Fernando Fontana, nas raízes do Paraná

Fernando e Teresa Ribas Fontana
Fernando e Teresa Ribas Fontana

No sábado, 16, a Gazeta do Povo, o mais importante jornal paranaense, dedicou uma página inteira de sua edição para enfocar a coleção Vozes do Paraná, cujo volume 6 será lançado na segunda-feira, a partir das 19h30 min., no solar Vila Sophia, Rua Barão de Antonina com Mateus Leme.

Ontem, o jornal Metro, de alta circulação em Curitiba – cerca de 35 mil exemplares diários – destacou em sua primeira página e matéria na décima segunda, a coleção, fixando-se no número 6 de Vozes do Paraná.

Hoje, transcrevo para o leitor trechos dos textos que apresentam Fernando Fontana, um dos personagens de Vozes do Paraná 6:

1 – O GENTLEMAN

O jovem Fernando Fontana, em pose clássica.
O jovem Fernando Fontana, em pose clássica.

“…O gentleman de cabelos brancos tem gestos e o falar marcados por finesse. Nada de exageros, é certo. São apenas traços de berço que ficaram no corpo e na alma desse homem que muitos jornalistas interessados na História do Estado identificam como “aquele em cuja casa o Paraná foi jantar…”

O Barão do Serro Azul é um desses “convidados-ancestrais”. Dos mais ilustres, é certo.

A expressão foi cunhada por ele mesmo para explicar, em poucas palavras, quanto é íntimo e está vinculado à construção de Curitiba e do Paraná; à História do Paraná.

A expressão não é compreendida se apresentada solta, fora de contexto.

Mas sempre provocará naturais indagações.

2 – NA PINACOTECA, AMÉLIA

A explicação, para mim, vai aparecendo, por exemplo, quando, no meio de uma tarde de março deste ano, vou encontrá-lo e a mulher, Teresa Ribas Fontana, na casa em que o casal mora há 40 anos acompanhado da filha solteira. Fica no Alto da Rua XV, em Curitiba, área predominantemente residencial.

É espaço confortável, 3 amplas salas, lareira e uma variada pinacoteca que, para mim, com meu olhar treinado para o mundo das artes visuais, de saída me dá a dimensão cultural do casal.

– Ali está um Van Dyck!, exclama Fontana, apontando para uma figura, óleo sobre tela.

Tento me recuperar do susto, imaginando-me, por um átimo, diante de uma raridade concebida por Antoon van Dyck (Antuérpia, 1599), retratista flamengo, principal pintor da corte real de Carlos I, da Inglaterra, discípulo de Rubens.

Pura brincadeira, mas me deu um susto.

Não acredito que o “van Dyck” tenha sido uma pegadinha de Fontana para testar minha devoção à história da arte, mesmo porque fui transitando, sem cerimônias e com desenvoltura, no exame das paredes da sala principal onde vislumbro e identifico algumas preciosidades da chamada pinacoteca paranaense.

A primeira preciosidade é um óleo de Amélia Assunção (flores), artista que está nos primórdios das artes plásticas paranaenses. Vale muito materialmente, mas mais vale pela importância histórica que representa.

3 – MANOEL RIBAS E TERESA

Bakun e Viaro estão no espaço, dispostos, parecem, de forma a garantir, ao mero observador, um certo “descanso do olhar”.

Mais adiante, um óleo de Mário Rubinsky, com seus inconfundíveis nacos de paisagens urbanas. Fernando Velloso também está nas paredes: Fontana é amigo da família, conviveu a vida toda com o pintor Fernando e Roberto seu irmão, filhos do senador Gaspar Velloso, um dos políticos paranaenses que mais admirou.

Teresa Fontana, mulher muito própria, daquela categoria de senhoras que na juventude foram alunas de antigos colégios católicos de orientação francesa – como o velho Sion -, apressa-se em mostrar o grande óleo, um retrato de Manoel Ribas, seu avô.

E conta com seu habitual tom ameno:

– Quando estavam fechando a sede do PSD, o liquidante nos telefonou dizendo que havia “salvado” a pintura, que ela seria nossa, por direito…

Estava se referindo, naturalmente, ao PSD gestado por Getúlio Vargas e que acabou sendo um sólido fator de equilíbrio no país, por anos seguidos. E ao qual seu Ribas foi filiado.

O quadro domina uma das salas. Na de jantar, outro retrato de “Maneco Facão” é também presença forte, olhar perscrutador, formal. Mas transmite simpatia, ao mesmo tempo…”

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