
Quem ainda tem dúvidas de quanto a ‘eternidade’ (religião) e suas implicações no dia a dia dos eleitores podem influenciar uma eleição, recomendo o que se observe o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Pois a verdade é que, desde os ataques cerrados de Pezão, o governador fluminense que tenta a reeleição, à Igreja Universal e ao bispo Edir Macedo, o seu oponente, bispo Crivella, começou a perder terreno.
2 – O TIRO CERTEIRO
O tiro certeiro de Pezão foi dado ao condenar a influência da Igreja Universal e de Edir Macedo num futuro eventual governo fluminense. O resultado está aí mesmo: Pezão tem agora pelo menos 10 pontos à frente do candidato do PRB, sobrinho de Edir, e a quem Pezão só se refere chamando-o de “bispo da Universal”.
A grande jogada de marketing do PMDB carioca foi a utilização de um vídeo do início dos 1990, em que Edir Macedo, em reunião com pastores de sua igreja, ensina-os a conseguirem dinheiro dos fiéis. O material, nos anos 90s, foi divulgado pela Rede Globo.
3 – VOTO CATÓLICO
Mas há outras explicações para o avanço de Pezão sobre Crivella, no mesmo terreno do mundo religioso: os números indicam que ele tem hoje 57% do voto dos católicos fluminenses. O que não é pouco.
Em horas como essas é que considero oportuno que o leitor vá além da superfície da História, tome conhecimento de incursões de historiadores em torno do fenômeno Religião e Política.
4 – A LEC E NEY BRAGA
Um dos livros mais preciosos sobre o tema, uma tese acadêmica, é “Religião e Política”, de Renato Augusto Carneiro Junior, edição Museu Paranaense.
A obra é um precioso documento sobre os tempos em que a Igreja Católica tinha 90 por cento da aceitação dos paranaenses, ou mais. Naquele tempo, 1954, o objeto da tese de Renato (diretor do Museu Paranaense) foi a eleição de Ney Braga a prefeito de Curitiba.
Para vencer, em sua primeira campanha eleitoral, Ney teve o apoio essencial da Liga Eleitoral Católica (LEC), que no Paraná tinha entre suas lideranças um irmão de Ney, Antonio Lacerda Braga.
5 – ADESÃO DO ARCEBISPO
Dentre as fotos históricas apresentadas pelo livro há um que sugere a estreita ligação do então arcebispo de Curitiba, dom Manuel da Silveira D’Elboux com Ney Braga, num momento de adesão ao líder paranaense nascente.
A LEC teve um nascimento a partir de notáveis católicos, que depois se dividiriam em antagônicas linhas políticas, como o padre Helder Câmara, Tristão de Ataíde, de um lado, Jackson Figueiredo e Gustavo Corção, de outro.